Calheta, 28 Ago (Inforpress) – Agricultores da localidade de Flamengos no município de São Miguel afirmaram hoje que o ano agrícola não apresenta uma “boa cara”, mas insistem nos trabalhos na esperança de que a chuva ainda venha a tempo.
Manuel Garcia é um dos agricultores desta localidade que, assim como a maioria, tem agricultura de sequeiro e de regadio, mas que, perante a falta de chuva, considerou que a classe está a viver um cenário “crítico e incerto”.
Mesmo assim estão a investir na esperança de que ainda a chuva venha a tempo para salvar as culturas de sequeiro e aumentar a água na barragem de Flamengos para garantir água para as culturas de regadio.
“Neste momento estamos a ser movidos pela esperança, porque caíram as primeiras chuvas, mas não são suficientes para um bom ano agrícola”, disse, reforçando que devido à natureza do homem cabo-verdiano, em viver de esperanças, os agricultores estão a investir mesmo assim nos terrenos.
Entretanto, não é somente a falta de chuva que é o “calcanhar de Aquiles” para aqueles que querem e pensam em investir na agricultura, pois, a mão-de-obra, além de escassa, custa os “olhos da cara”, tendo em conta que nem sempre a produção compensa.
É que conforme avançou este agricultor, os poucos jovens que ficaram na zona e no concelho, os que ainda não procuraram as vias da emigração, estão a cobrar 2.000$00 por um dia de trabalho na agricultura, no caso dos homens, e as mulheres que ganham o seu pão nos trabalhos agrícolas (sementeira, monda…), cobram 1.500$00 por dia.
Um valor que, segundo o mesmo, é elevado e implica que muitos terrenos fiquem sem cultivar porque nem todos têm esse valor para pagar.
“O homem cabo-verdiano gosta de arriscar e não tem medo e mesmo com o sol ardente que se tem feito estamos a trabalhar e a investir, mesmo com a incerteza da chuva”, sustentou, realçando que a esperança é o que move o cabo-verdiano.
Sobre pragas, realçou que ainda não foram detectadas, até porque ainda as plantas não atingiram o patamar para desenvolver pragas.
Quanto à agricultura de regadio nesta região, considerou que está “bastante crítica” porque a falta de chuva está a reflectir na água retida pela barragem de Flamengos que está a diminuir dia-após-dia e caso não haja chuvas nos próximos dias a situação “vai complicar” ainda mais.
Aliás, esta barragem, segundo Manuel Garcia, não tem sido o alento somente dos agricultores e beneficiários desta localidade, pois, têm recebido visitas de carros de outros concelhos e localidades que apanham água desta barragem.
Igualmente, a agricultora, Celestina Duarte, lamentou o preço cobrado para cada dia de trabalho diante da incerteza do ano agrícola que considerou como sendo “mau” devido à falta de chuva e a galinha-do-mato que não deixa as plantas crescerem.
Esta agricultora contou que por não ter dinheiro suficiente, optou por deixar alguma parte dos seus terrenos sem cultivar e outros teve que os cultivar sozinha.
Celestina Duarte, assim como outros agricultores dos arredores da barragem vêm o comprometimento da agricultura de sequeiro caso não haja chuvas suficientes para aumentar a água da barragem e mesmo das nascentes nos arredores que tem sido fonte de abastecimento de pessoas de outras localidades do município e até de outros concelhos.
MC/HF
Inforpress/Fim
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