Mindelo, 02 Set (Inforpress) – O primeiro-ministro convidou hoje, a partir do Mindelo, todos os partidos a se unirem à população de São Vicente na reconstrução da ilha e evitar “montar palcos e tribunais de julgamentos políticos”.
Ulisses Correia e Silva veio a São Vicente para acompanhar no terreno as acções de emergência em curso e verificar a situação de alguns espaços de comércio afectados na sequência da tempestade de 11 de Agosto e, no período da manhã, deslocou-se às zonas de Pombas Brancas e Salamansa e visitou ainda as instalações do Instituto do Mar (Imar).
E foi no encontro que manteve com os serviços da Protecção Civil, a abrir a visita, para apresentação detalhada das intervenções em curso, que deixou recados à oposição sobre “oportunismo político”.
Tal postura, continuou, “não ajuda em absolutamente nada”, naquilo que é a necessidade de “juntar a nação cabo-verdiana, o esforço da nação, para restaurar São Vicente”.
“Não é momento de dividir as pessoas por motivos oportunistas, de política e politiquices, mas sim de juntar, passar mensagens positivas para a nação e juntar as energias e esforços, e todos os partidos o devem fazer”, reforçou.
Por isso, sublinhou que nesta visita trouxe uma mensagem "de conforto, de confiança e de trabalho" para se poder reverter a situação e colocar ilha de São Vicente “no lugar que ela sempre mereceu”.
Na ocasião, reconheceu ainda toda a contribuição e acções de solidariedade vindas de todo o mundo, “que tem sido impressionante”, diáspora incluída.
“É preciso juntar as mãos, proteger as famílias e a retoma da actividade económica, esse é que deve ser o foco”, continuou, mas lembrou que o grosso do investimento a ser feito na ilha vai exigir "muitos milhões".
Aliás, foi o próprio a confirmar que houve “muitos estragos” e que a resposta de resiliência vai exigir mais trabalho, melhorar ainda mais o sistema de drenagem na ilha, o que “está acautelado”.
“É claro que temos que ter medidas para fazer com que as habitações, os assentamentos habitacionais sejam de maior resiliência em cumprimento das normas de zonas de risco, tipologias de habitação e a requalificação que tem de ser feita”, reforçou Ulisses Correia e Silva.
O chefe do Governo chamou ainda atenção para o problema das construções clandestinas, construções nas ribeiras e nas encostas que, sustentou, “atravessa todo o país”.
O importante, finalizou, é aproveitar este momento para passar uma mensagem de responsabilidade política, de um pacto social sobre a matéria e fazer uma acção de longo prazo para se reverter e criar situações habitacionais em melhores condições de segurança da população.
“Há que, também, haver muito mais oferta de casas sociais em zonas de segurança e muito menos em zonas de risco”, finalizou.
No seguimento da visita, na tarde de hoje, Ulisses Correia e comitiva visita pequenos negócios afectados no circuito Avenida 12 de Setembro à Praça Estrela e Condomínio Rozar, para verificar as condições de alojamento definitivo das famílias.
Para quarta-feira, 03, estão previstas visitas a diversas empresas locais, em zonas como Ribeira de Julião, Lazareto e Calhau, e um encontro com pescadores e peixeiras.
Os estragos por toda a ilha de São Vicente provocados pela passagem da tempestade Erin fizeram o Governo declarar situação de calamidade por seis meses em São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e nos dois concelhos de São Nicolau.
Além disso, foi anunciado um plano estratégico de resposta que contempla apoios de emergência às famílias, mas também às actividades económicas, com linhas de crédito com juros bonificados e verbas a fundo perdido, justificando a decisão com o "quadro dramático, excecional".
O Governo utilizará os recursos do Fundo Nacional de Emergência, criado em 2019 para responder a situações de catástrofes naturais ou impacto de choques económicos externos.
AA/HF
Inforpress/Fim
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