São Vicente/PERFIL: Sílvia Lima- mulher-actriz que já pisou mais vezes o palco do Mindelact

*** Por Letícia Neves, da agência Inforpress ***

Mindelo, 27 Mar (Inforpress) – Conjugando os dois dias assinalados hoje, da mulher cabo-verdiana e do Teatro, Sílvia Lima destaca-se pelos mais de 30 anos dedicados às artes cénicas e por ser a actriz que pisou mais vezes o palco do Mindelact.

O amor pelo teatro, tal como assegurou à Inforpress, vem desde a adolescência, aos 16 anos precisamente, quando decidiu frequentar o primeiro curso de iniciação teatral promovido pelo Centro Cultural Português do Mindelo.

Desta forma, a então jovem mindelense, que já estava no mundo das artes com participação no concurso de vozes infantil “Pequenos cantores”, tentava descobrir os seus caminhos futuros, que, sublinhou, ainda estavam na incerteza.

“Até frequentar o curso de teatro, não sabia o que iria fazer da vida, mas foi ali que descobri que queria ser actriz profissional e viver do teatro”, explicou Sílvia Lima, que a partir daí nunca mais conseguiu ficar longe dos palcos.

E, talvez, por ironia do destino, acabou por ser uma das fundadoras da Associação Mindelact e também parte da equipa que, em 1995, organizou o primeiro festival de teatro do Mindelo, o Festival Mindelact, evento que já ganhou o mundo, mas que leva a sua marca também por ser ela, segundo dados da direcção, a actriz com mais participações.

Um feito que atingiu mesmo sem ter conseguido realizar o sonho de se tornar actriz profissional, com formação superior na área.

Entretanto, não foi por falta de esforço e empenho, a começar pelo estágio para actores lusófonos, com duração de um ano, que conseguiu em 1997 junto da Associação Portuguesa para o Intercâmbio Teatral (Cena Lusófona), em Portugal.

Ainda em Portugal, país onde viveu por alguns anos, teve acesso à formação semi-profissional na Academia Contemporânea do Espectáculo, no Porto.

“Na altura não havia bolsas de estudo direccionado para as artes cénicas e assim por falta de condições financeiras não consegui entrar para universidade”, explicou Sílvia Lima.

Mesmo com os contratempos da vida, não desistiu e nem deixou esmorecer o seu sonho, e no regresso a São Vicente, em 2005, pôs os seus conhecimentos em prática, ao administrar formações e fazer parte da equipa do Teatro Infantil do Mindelo (TIM).

Simultaneamente ligada ao Grupo de Teatro do Centro Cultural do Mindelo, também criou, em 2008, juntamente com as actrizes Elba Lima e Zenaida Alfama, o grupo Morabeza Teatro que até agora se encontra no activo, apresentando espectáculos com mensagens de cariz social.

Entre outros projectos, Sílvia Lima aliou o teatro à educação com o curso superior de educadora de infância, ferramenta com a qual tem-se auxiliado para compor as personagens para as crianças, público que admitiu gostar muito de trabalhar.

Mas, não se acanha em transpassar fronteiras e vestir personagens diversos no teatro, um mundo onde se sente “livre e plena”.

“O teatro é o espaço onde me posso libertar, criar e fazer tudo que, a princípio, se mostra impossível”, enfatizou a actriz, que diz mesmo sentir falta dos palcos se ficar muito tempo sem fazer nada.

Isto a ponto de assegurar que se um dia lhe tirarem o teatro será como perder o sentido da vida.

Toda esta entrega e dedicação foi um dos motivos apresentados pela Associação Mindelact para que Sílvia Lima, hoje com 47 anos, tenha sido escolhida para o Prémio Mérito Teatral 2025, a ser entregue na noite de hoje, no Centro Cultural do Mindelo.

O galardão foi criado em 1999 para anualmente homenagear grupos de teatro, particulares, empresas ou instituições públicas ou privadas que se destaquem pelo apoio e contribuição para o desenvolvimento das artes cénicas em Cabo Verde.

LN/ZS

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