Maputo, 21 Jul (Inforpress) - A Unicef disse hoje que eventos climáticos e conflitos impedem ações para travar a mortalidade infantil no mundo devido a doenças, pedindo, por isso, “vontade política” para acabar com as mortes de crianças.
“Falando em financiamento, em emergências de saúde pública, onde há inundações e ciclones, eles nos impedem de chegar às crianças, onde há pandemia de covid-19 nos impede de chegar às crianças, porque, apesar de termos ferramentas, elas não são suficientemente robustas” para travar a mortalidade infantil, disse, em Maputo, o diretor regional de Saúde para África Oriental e Austral do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Paul Ngwakum.
O responsável respondia a perguntas de jornalistas durante o lançamento do Fórum Global de Inovação e Ação para Imunização e Sobrevivência Infantil – 2025, que vai decorrer entre 22 e 24 de julho na capital moçambicana, quando questionado sobre o plano de contingência para travar a morte anual, a nível global, de quase cinco milhões de crianças por doenças como malária, diarreias, pneumonia, sepse e complicações de origem obstétricas.
Ngwakum disse que o mundo dispõe de ferramentas para travar a mortalidade infantil, sobretudo vacinas, mas apontou desafios que impedem, a começar pelos sistemas de saúde que classificou como “frágeis”.
“Precisamos continuar a falar sobre a vontade política das lideranças para podermos tomar medidas que nos levem a resultados. E se essa vontade política estiver disponível, teremos mais financiamento. Temos desafios com o financiamento e, em alguns países, mesmo quando o financiamento está disponível, precisamos usá-lo de forma eficiente”, disse.
Paul Ngwakum apontou como um dos entraves a falta de capacitação das comunidades para avançarem por si próprias com a vacinação em larga escala nos seus meios, e contar com a contribuição dos governos locais, organizações da sociedade civil e financiadores que lidam com matérias sobre a saúde de menores.
“Precisamos trabalhar em sistemas de saúde primários comunitários e garantir que identifiquemos onde as crianças estão. A maioria das crianças não são vacinadas porque estão em zonas afetadas por conflitos, em vilarejos de difícil acesso”, anotou.
Mais de 300 delegados de 29 países, incluindo ministros e vice-ministros da saúde de vários países do mundo, cientistas e académicos e organizações da sociedade civil participam no Fórum Global de Inovação e Ação para Imunização e Sobrevivência Infantil – 2025, com a abertura a ser feita pelo chefe do Estado moçambicano, Daniel Chapo.
O encontro é organizado pelos Ministérios de Saúde de Moçambique e da Serra Leoa e pelo Governo de Espanha, contando com a colaboração da Fundação “la Caixa”, a Fundação Bill and Melinda Gates e a Unicef.
O diretor-geral do Instituto Nacional de Saúde (INS) de Moçambique avançou, na mesma conferência de imprensa, que o fórum vai discutir soluções científicas para que o mundo possa se reposicionar no aceleramento do combate à mortalidade infantil, incluindo a exigência a que se assuma um novo compromisso político nesta causa.
O responsável assinalou uma “redução histórica e sem precedentes” da mortalidade infantil nas últimas décadas no mundo, destacando que entre 1990 e 2023 o número de mortes em crianças menores de cinco anos reduziu de cerca de 12,8 milhões por ano para 4,8 milhões.
“Atualmente os números ainda nos preocupam. A estatística indica que, por ano, a taxa de mortalidade em menores de cinco anos por ano está em 37 mortos por 1000 nados vivos. E o continente africano carrega o maior fardo da mortalidade em crianças menores de cinco anos. A média africana é de cerca de 67 mortes por mil nados vivos em crianças”, referenciou Eduardo Samo Gudo.
Este responsável admitiu haver risco de 60 países africanos não alcançarem a meta dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que querem reduzir para 25 o número de crianças que morrem em cada mil nados vivos até 2030.
Inforpress/Lusa
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