São Vicente/Chuvas: INSP apela a adopção de medidas rápidas para “evitar surgimento de doenças anormais"

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São Vicente/Chuvas: INSP apela a adopção de medidas rápidas para “evitar surgimento de doenças anormais"
21/08/25 - 01:38 pm

Cidade da Praia 21 Ago (Inforpress) – A presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) apelou hoje à melhoria de condições de saneamento e adopção de medidas rápidas em São Vicente para evitar o surgimento de algumas doenças consideradas anormais em Cabo Verde.

Maria da Luz Lima fez estas afirmações à imprensa, à margem da cerimónia de lançamento da primeira revista cabo-verdiana de investigação em saúde, quando instada a comentar a situação de saúde pública na cidade da Praia e na ilha de São Vicente.

“A situação em São Vicente é um pouco preocupante, porque se rapidamente não forem tomadas medidas relacionadas com os resíduos sólidos e líquidos, que estão ali, que estão na contaminação da água potável, com o de esgoto, que se verifica ali em várias zonas, nos próximos dias pode aumentar o número de casos de doenças que alguns até poderão não ser normais em Cabo Verde”, alertou.

Apontou, neste sentido, a possibilidade de surgimento da leptospirose, aumento de casos de diarreias, as doenças de transmissão vectorial, pequeno risco para surgimento da cólera.

“Há um conjunto de situações de saúde pública que podem aumentar o número de preocupação nos próximos dias, mas que deve ser resolvida com um saneamento básico e uma rápida acção da população que está a fazer o seu esforço, mas a câmara municipal e todas as outras instituições também têm que fazer a sua parte e acredito que será melhorado”, afirmou.

Garantiu, no entanto, que o sector da saúde está preparado e que o INSP tem um plano de resposta para eventual aumento de casos, inclusive com o cenário de hospitais de campanha se necessário, quantidade de estoques de medicamentos e reagentes para laboratórios consumíveis.

A prevenção, sintetizou, é a principal arma, o acesso à água potável é fundamental, “mas felizmente a Electra já está a começar a fazer a distribuição de água normal”, mas mesmo assim as primeiras águas ainda devem ser fervidas antes de consumidas, pelo menos cinco minutos, e colocadas duas gotas de lixívia e aguardar antes de consumir.

Isto porque, avisou, ainda pode haver algum risco de contaminação das doenças.

Considerou ainda importante a população fazer sempre a lavagem das mãos e de haver o seguimento dos animais mortos para evitar o aumento do foco das doenças.

Quanto à questão da saúde pública na cidade da Praia, alertou para a necessidade de adopção de medidas preventivas, tendo em conta a época de chuvas por forma a evitar o surgimento de focos de mosquitos e doenças transmitidas por vectores.

“Neste momento, não temos casos de dengue nem de paludismo, mas pode acontecer, porque temos casos importados, que vêm de outros países, de zonas endémicas de malária ou de paludismo ou de dengue”, referiu.

Portanto, concluiu, o mosquito já existe aqui e, ficando infectado, acaba por também fazer a propagação da doença em Cabo Verde.

As fortes chuvas que caíram na segunda-feira, 11, devido à passagem da tempestade tropical Erin causaram vários danos materiais, como arraste de viaturas para o mar, deslizamento de terra e desmoronamento de casas, sobretudo, de lata, quebra nos sistemas eléctricos e de telecomunicações, morte de animais, além de perda de vidas humanas.

Decorrente desta catástrofe, contabilizam-se nove mortos e duas pessoas desaparecidas, mas, conforme o Gabinete de Crise, as buscas continuam tanto em terra como no mar. 

As ilhas de São Vicente, Santo Antão e São Nicolau estão sob Estado de Calamidade, decretada pelo Governo.

CM/AA

Inforpress/Fim

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