
Ribeira Grande, 09 Dez (Inforpress) — O representante dos moradores e membro da Adi Fontaínhas, Davidson Gomes, denunciou hoje aquilo que considera “negligência, desorganização e falta de planeamento” na obra de reabilitação da única via que serve aquela localidade turística.
A queda de duas paredes de protecção na estrada de acesso a Fontaínhas reacendeu “preocupações” antigas dos moradores, que acusam a “falta de planeamento, desorganização e negligência” na execução da obra de reabilitação.
Em declarações à Inforpress, Davidson Gomes, membro da Associação de Desenvolvimento Integrado de Fontainhas (Adi Fontaínhas), disse que o cenário que hoje enfrentam “era totalmente previsível”.
Segundo a mesma fonte a comunidade alertou antecipadamente para o uso inadequado de uma máquina pesada na intervenção, defendendo que o trabalho deveria ser contínuo, “do princípio ao fim”, evitando movimentos repetidos de avanço e recuo.
“As paredes, sendo do tempo colonial, não suportam a pressão de uma máquina de várias toneladas. Avisámos, mas não ouviram quem realmente conhece a estrada de Fontaínhas”, lamentou.
Davidson Gomes relatou que, com as chuvas da última semana, dois troços do muro de protecção” cederam, provocando o isolamento da localidade durante vários dias.
A situação, conforme o membro da Adi Fontainhas, trouxe consequências “graves” numa zona habitada maioritariamente por idosos e visitada diariamente por turistas.
“Há pessoas que tiveram de carregar mercadorias à cabeça, pedir favores, e até idosos que regressavam de consultas foram obrigados a fazer metade do caminho a pé, com dificuldades de mobilidade”, relatou.
Davidson Gomes acusou ainda a autarquia e a empresa de não assegurarem um planeamento adequado, permitindo que a obra se arraste muito além do tempo previsto, sem fiscalização suficiente.
“Se nos tivessem ouvido, nada disto teria acontecido. Estão a desperdiçar dinheiro”, criticou, acrescentando que o problema ultrapassa a estrada, estendendo-se a questões ambientais e de aproveitamento turístico.
Entre os exemplos, referiu o entulho deixado na ribeira, zona de cultivo de inhame, e o quiosque local, que está há mais de um ano encerrado, apesar de ter sido alvo de investimento público.
“Estamos na época alta e Fontaínhas não tem onde um turista possa fazer uma refeição, beber uma água … tranquilamente. Estamos a perder rendimento por causa de trabalhos mal feitos”, reforçou.
O representante da Adi Fontaínhas apelou a uma maior responsabilidade da autarquia.
“A Câmara é a dona da obra e a entidade fiscalizadora. Se tivesse exigido mais da empresa, o trabalho já estaria concluído. Não se está a construir uma estrada nova, está-se a reabilitar e isso não deveria demorar tanto”, salientou.
Contactado pela Inforpress, o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Armindo da Luz, confirmou que duas paredes de protecção ruíram, mas garantiu que tal se deveu exclusivamente às fortes chuvas que atingiram o concelho.
O autarca afirmou que se deslocou ao local para avaliar a situação e reuniu-se com a empresa responsável.
Armindo da Luz disse que cerca de 15 metros de via foram temporariamente encerrados para permitir a ligação entre duas pontes, assegurando a circulação segura de pessoas.
“O que caiu não impede que os carros circulem”, sublinhou, acrescentando que os trabalhos de recuperação das paredes danificadas deverão arrancar até amanhã.
Armindo da Luz apelou à compreensão dos moradores para que a empresa consiga avançar com o calcetamento dentro da localidade.
“Temos de deixar a empresa trabalhar, por favor. Todos sabemos que Fontaínhas não dispõe de uma via alternativa,” frisou.
O presidente reafirmou que existe um calendário definido e que a intervenção será concluída até 15 de Janeiro.
Além de Fontaínhas, segundo a mesma fonte, as chuvas provocaram danos em outras vias do concelho, nomeadamente em Rabo Curto, Lombo Branco, Monte Joana e Ponta do Sol.
“A autarquia já mobilizou equipas para iniciar de imediato as reparações. Paralelamente, grupos de trabalho dedicam-se à limpeza dos caminhos vicinais, para assegurar acessibilidade total às comunidades afetadas”, garantiu.
LFS/JMV
Inforpress/Fim
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