Santiago Norte: ICCA sensibiliza sociedade sobre os riscos que as crianças correm na prática do trabalho infantil (c/áudio)

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Santiago Norte: ICCA sensibiliza sociedade sobre os riscos que as crianças correm na prática do trabalho infantil (c/áudio)
13/03/24 - 06:29 pm

Assomada, 13 Mar (Inforpress) – A delegação do ICCA na região Santiago Norte alertou hoje para os riscos que as crianças e adolescentes são expostos na prática do trabalho infantil, principalmente no que toca à venda de alguns produtos à beira das estradas.

Em declarações à Inforpress, José Maria Varela, delegado do Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescência (ICCA), explicou que a instituição tem um plano de actividades anual, mas que existem situações que devem constar deste plano todos os anos, adaptando à realidade e à evolução.

Hoje, os técnicos do ICCA estiveram no Mercado Municipal de Santa Catarina e na paragem dos transportes públicos, em acção de sensibilização sobre os riscos do trabalho infantil.

Conforme este responsável, esta acção tem sido feita quinzenalmente às quartas-feiras, dia da feira em Assomada, em que é possível encontrar pessoas de todos os seis municípios nesse espaço, mas também abordar os condutores sobre esta mesma problemática, principalmente a das crianças que se encontram à berma das estradas na venda de alguns produtos e como estes devem proceder ao deparar com situações do tipo.

José Maria Varela explicou que estas crianças que são submetidas ao trabalho infantil, são expostas a vários riscos, desde o risco de vida por atropelamento, ao abuso sexual, diversos tipos de violência e agressão, mas também o facto de manterem contacto muito cedo com o dinheiro que pode ser prejudicial mais adiante, além de colocar em risco a produtividade escolar.

Afora o caso de crianças à beira das estradas, que segundo o mesmo acontece mais nos municípios de São Salvador do Mundo e São Lourenço dos Órgãos e sazonalmente na época da manga, tamarino e zimbrão, onde o ICCA e as câmaras municipais têm vindo a fazer um trabalho de sensibilização e responsabilização dos pais, indicou casos também de crianças que trabalham em oficinas e outros locais e que têm merecido a atenção da instituição.

Entretanto, este responsável deixou claro que o intuito não “crucifica” ninguém, mas que trabalha na prevenção e na sensibilização, evitando casos graves de abusos e violência nas crianças e adolescentes derivados do trabalho infantil.

O responsável do ICCA diz acreditar que ao bater nesta tecla da prevenção os pais e encarregados da educação vão se consciencializar dos riscos a que os filhos estão expostos e mudar este paradigma.

Igualmente, alertou para a necessidade de se desmistificar o paradigma de que agora as crianças não podem fazer nada porque o ICCA não deixa.

Neste quesito, ressaltou que existe uma diferença entre o trabalho infantil e as tarefas domésticas que não colocam em risco a integridade física e psicológica da criança e nem mesmo em causa o seu rendimento escolar.

Quanto ao trabalho nas oficinas salientou que a partir dos 15 anos existe uma carga horária para as crianças, mas que é preciso ter em atenção se este trabalho não apresenta riscos físicos, se não está a prejudicar o desempenho escolar.

O delegado avançou que estas acções vão ser feitas frequentemente, com a distribuição de panfletos e que também estão a ser realizadas nas localidades onde se encontram crianças a venderem nas bermas da estrada, insistindo na necessidade de prevenção e do cuidado com as crianças e adolescentes.

Da parte da sociedade, Janice Mendes deu nota positivas acções que estão a ser desenvolvidas, sublinhando que estas situações são do conhecimento de todas, mas que ela pessoalmente não aprova esta prática, principalmente quando se trata de meninas à beira das estradas por estarem expostas à violência, ao abuso sexual, entre outras situações de risco.

Neste sentido pede aos pais e encarregados da educação que tenham mais cuidado com as crianças e que não as coloquem à beira das estradas a vender, mas sim na escola.

Deonilde Borges corrobora da mesma opinião, salientando que o lugar da criança é na escola e no jardim, não nas ruas a vender e a correr vários riscos.

“O que é visto como uma ajuda agora pode trazer mais problemas depois”, disse, justificando que além das crianças estarem expostas aos riscos, acabam por se acostumar com o dinheiro que mais tarde pode trazer grandes consequências.

De ressaltar que o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil é assinalado a 12 de Junho, um dia dedicado reflexões sobre o direito de todas as crianças à infância segura, à educação e à saúde, livres da exploração infantil e de outras violações

MC/JMV
Inforpress/Fim

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