Porto Novo, 13 Ago (Inforpress) - Os agricultores têm conseguido algum cultivo na Ribeira de Carpinteiro, na Ribeira das Patas, Porto Novo, apesar de esse sítio ter sido devastado em 2012 com a extração de inertes, disse hoje o porta-voz dos lavradores.
“Ribeira de Carpinteiro foi destruído em 2012 com a extração de pedras nessa zona, mas mesmo com a devastação ainda conseguimos produzir alguma coisa nessa zona”, disse à Inforpress o agricultor José Lima.
A mesma fonte indicou que as famílias proprietárias das parcelas continuam à espera das intervenções prometidas pelo Estado, passados 12 anos.
Nessa ribeira, que fica em Lagoa da Ribeira das Patas, produzia-se muitos produtos agrícolas até 2012, quando o consórcio que realizou as obras de ampliação e modernização do porto do Porto Novo teve a autorização do então Governo para ali extrair pedras para as obras do cais.
Esta zona ficou devastada com a extracção desenfreada de pedras.
Os terrenos foram destruídos, as nascentes sofreram muitos danos, mas nunca o Estado cumpriu com o que prometeu, ou seja, proteger essa zona e recuperar as nascentes e as parcelas, avançou o porta-voz dos lavradores, para quem há necessidade urgente de recuperar as nascentes.
Os agricultores, mesmo depois de todo esse tempo, continuam a sonhar com as obras de correcção torrencial, que, segundo João Lima, “nunca foram feitas apesar das promessas”.
Explicou que essa zona ficou desprotegida depois das empresas terem extraído “grande quantidade de pedras” no local.
Os agricultores, ao longo desses anos, têm vindo a alertar para a situação da Ribeira de Carpinteiro, que, a seu ver, tornou-se “num caso muito sério” do ponto de vista ambiental.
A própria Associação para o Desenvolvimento Integrado da Ribeira das Patas chegou a alertar, por várias vezes, para a necessidade de se avançar com as prometidas obras nessa ribeira, para amenizar o problema ambiental criado com a extração descontrolada de inertes, que afectou directamente uma dezena de famílias.
Esta associação defendeu a recuperação dos terrenos agrícolas destruídos, a recuperação das três nascentes afetadas e ainda a realização de obras de correção torrencial.
A Câmara Municipal do Porto Novo chegou a intentar uma acção judicial contra o consórcio luso-cabo-verdiano que executou as obras no porto do Porto Novo, reclamando uma indemnização de 60 mil contos pelos danos ambientais causados a essa zona e ao município, mas acabou por perder o caso junto dos tribunais.
O facto é que ficou provado que o consórcio teve a autorização do Governo para explorar pedras na Ribeira de Carpinteiro contra a vontade dos agricultores e dos ambientalistas.
O Ministério da Agricultura e Ambiente tem estado a prometer intervir nessa ribeira no quadro do projecto de reordenamento da bacia da Ribeira das Patas, que, segundo este ministério, já tem financiado assegurando no quadro de um pacote a cargo do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), cofinanciado pelo GEF - Programa das Pequenas Subvenções do Fundo Mundial para o Ambiente.
A Inforpress soube junto desse ministério que o projecto de ordenamento da bacia hidrográfica está bem encaminhado, devendo iniciar-se ainda este ano.
JM/AA
Inforpress/Fim
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