
Ribeira Brava, 06 Dez (Inforpress) – O presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava considerou hoje positivo o primeiro ano de mandato, apesar das “limitações financeiras herdadas” e dos “persistentes constrangimentos estruturais”, como “o isolamento da ilha”.
Nilton Monteiro, que discursava na sessão solene em comemoração ao Dia do Município da Ribeira Brava, destacou a resiliência do povo de São Nicolau e a união como chaves para o desenvolvimento da ilha.
Segundo o edil, o primeiro ano de mandato da equipa por ele liderado foi de “intenso trabalho” e confirmou o “imenso potencial” do município, apesar de ter encontrado uma “situação financeira delicada” que tem condicionado a ação da autarquia.
Contudo, afirmou que a nova gestão autárquica tem gerido a situação com “prudência e rigor”.
O presidente da câmara salientou ainda que o problema de ligação com as outras ilhas “persiste e condiciona o pleno desenvolvimento” da ilha, pelo que alertou para a urgência de resolver o problema das ligações marítimas e aéreas, classificando o isolamento de São Nicolau como “um constrangimento que penaliza a mobilidade e o escoamento de produtos”.
Dirigindo-se ao secretário de Estado-adjunto do primeiro-ministro, presente no evento, Nilton Monteiro apelou a um “maior engajamento do Governo” enquanto parceiro estratégico para o desenvolvimento do concelho.
“Não podemos continuar a ser penalizados pela insularidade e pela falta de ligações marítimas e aéreas eficientes e regulares. O isolamento de São Nicolau é um constrangimento que exige uma atenção especial e prioritária do Governo da República. Precisamos de investimentos estruturantes que garantam a mobilidade das pessoas e o escoamento dos produtos, para que a economia possa florescer plenamente”, alertou.
Igualmente, expressou descontentamento pela “falta de cobertura televisiva adequada” por parte da RTC e pediu “maior atenção da televisão pública” aos eventos e iniciativas locais, essenciais para a promoção turística e cultural do município.
Por outro lado, Nilton Monteiro, afirmou que o município registou “ganhos importantes”, com foco em áreas cruciais, como saúde, que, de acordo com o autarca, foi eleita como “prioridade absoluta” com o registo de “progressos notáveis” graças a parcerias com o Ministério da Saúde e outras entidades.
“Recebemos com satisfação as missões médicas especializadas, dentária e oftalmologia, entre outras, aumentando o acesso a consultas de especialidade e reduzindo a necessidade de dispendiosas evacuações interilhas. Destacamos também a parceria com a clínica X-ECO, ASSN na implementação da Clínica de Imagiologia, na ilha de São Nicolau, a chegada recente de uma nova ambulância para aprimorar os cuidados pré-hospitalares é outro ganho”, apontou.
O edil destacou ainda ganhos a nível da requalificação urbana, no apoio social, com vista ao fortalecimento da rede de solidariedade para com as famílias mais vulneráveis.
Em resposta, o secretário de Estado-adjunto do primeiro-ministro, Lourenço Lopes, reconheceu as preocupações levantadas e garantiu que o Governo acolhe “com humildade” os alertas sobre a insuficiente presença dos órgãos públicos de comunicação social na ilha.
Lourenço Lopes salientou que o Governo tem promovido medidas para dinamizar a mobilidade, destacando o subsídio de 40% nas passagens aéreas para São Nicolau, que, segundo disse, teve “impacto extremamente positivo” no aumento do fluxo de passageiros e turistas.
O governante recordou ainda investimentos estruturantes, como o campo solar da Preguiça, inaugurado no ano passado, considerado “um marco na aposta nas energias renováveis” e na redução da dependência de combustíveis fósseis.
O secretário de Estado reiterou que o Governo é de “matriz descentralizadora” e que o relacionamento com as autarquias assenta em cooperação e subsidiariedade.
Revelou igualmente que em 2026, a Ribeira Brava terá um aumento de 17 por cento (%) no Fundo de Financiamento Municipal, enquanto o Tarrafal de São Nicolau contará com um aumento de 38%.
“Há aqui um sinal claro de confiança e de aposta. O Governo tem no município da Ribeira Brava um parceiro estratégico. Não é possível cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável sem um forte engajamento do poder local”, afirmou.
Lourenço Lopes apelou à cooperação entre Governo, autarquia, sociedade civil e diáspora, sublinhando o papel desta última como “guardião da identidade” e “multiplicador de oportunidades”.
WM/AA
Inforpress/Fim
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