Rácio da dívida é um dos principais desafios para Cabo Verde - FMI

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Rácio da dívida é um dos principais desafios para Cabo Verde - FMI
29/04/25 - 11:12 am

Washington, 29 Abr (Inforpress) - O economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) que coordenou o relatório sobre a África subsaariana disse hoje que o rácio da dívida sobre o Produto Interno Bruto (PIB) é um dos principais desafios para Cabo Verde.

"O rácio da dívida é um dos principais desafios; diminuiu 30 pontos percentuais entre 2020 e 2024, porém o risco global de sobre-endividamento mantém-se elevado", disse Thibault Lemaire em entrevista à Lusa no final dos Encontros da Primavera do Banco Mundial e do FMI, que terminaram no sábado em Washington.

Para o Fundo, o Governo de Cabo Verde deve "continuar com a disciplina orçamental, através do aumento do saldo orçamental primário [antes dos juros da dívida], manter as reformas para aumentar a produtividade e permitir à economia continuar a crescer a taxas elevadas e suportar a diversificação, e também uma melhoria do desempenho financeiro e operacional do Setor Empresarial do Estado para conter os riscos orçamentais que [as empresas públicas] representam".

Em concreto, Thibault Lemaire afirmou que "os recursos públicos destinados a subsidiar as rotas aéreas externas devem ser redirecionados para melhorar a conectividade aérea interilhas, o que permitiria maior integração territorial e, portanto, aumentaria a contribuição do setor turístico para melhorar o crescimento do país".

No relatório sobre as economias da África subsaariana, o FMI mostra-se mais otimista sobre o crescimento de Cabo Verde, prevendo que o arquipélago cresça 5% este ano, mais do que os 4,7% previstos em outubro do ano passado, e melhorando também a previsão de inflação, que desce dos 2% previstos em outubro de 2024, para uma previsão de 1,5% de subida dos preços este ano.

Em termos de previsão da evolução do rácio da dívida sobre o PIB, o Fundo prevê uma melhoria para os próximos anos: já em 2025, o rácio deve manter a trajetória de descida, para 109,6%, e continuando a abrandar para chegar a 2030 nos 81,8%, o que compara com o pico de quase 150% atingido no princípio desta década.

O FMI tem em curso dois programas de ajustamento financeiro, a Facilidade de Crédito Alargado, e outro ao abrigo do Mecanismo de Resiliência e Sustentabilidade, que o Governo quer prolongar até às eleições do próximo ano.

Em entrevista à Lusa na quinta-feira em Washington, à margem das reuniões do FMI e do Banco Mundial, o vice-primeiro-ministro cabo-verdiano, Olavo Correia, advogou ser "muito relevante que Cabo Verde continue a ter o Fundo como parceiro", uma vez que a instituição atua como "conselheira" que ajuda o país na "concretização e materialização" da visão e estratégia do atual Governo.

"Olhando para os programas desta forma, Cabo Verde vai, até de forma inteligente, precisar de continuar a contar para o apoio do FMI. Penso que é bom ter o FMI como parceiro, como uma instituição conselheira, que dá incentivos de políticas públicas, acompanha, ajuda a fixar melhores práticas, faz uma fiscalização construtiva daquilo que são elementos críticos para podermos melhorar o nosso quadro de governança. Acho que isso não pode ser dispensado. Isso tem que ser continuado, porque é bom para Cabo Verde", defendeu.

Nesse sentido, Olavo Correia, também ministro das Finanças, afirmou que haverá uma extensão desses programas, com recurso a "algumas adaptações" devido às eleições legislativas do próximo ano, que serão discutidas com o FMI no próximo mês.

Inforpress/Lusa

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