Lisboa, 20 Fev (Inforpress) - O poeta José Luiz Tavares anunciou hoje partir para uma aventura pessoal no domínio da edição, com a criação da editora Pretomau, na véspera de apresentação, na Praia, do seu mais recente livro, “Uma Selvajaria Civilizacional”.
“Esta obra marca também o nascimento duma editora, a Pretomau, com o fim quase exclusivo de publicação de algumas das minhas obras: aquelas que não se enquadram na editora que as publica em Portugal, ou que tenham como finalidade quase exclusiva o mercado cabo-verdiano”, disse, em declarações à Inforpress.
“Quem trabalha comigo sabe que não é fácil lidar com as minhas idiossincrasias e exigências, e não tenho tempo a perder com quezílias menores. Daí ter optado por esta solução, também me dá prazer e satisfação, pois os meus livros são pensados desde o título, passando pelo seu conteúdo, tipo de papel, dimensão, fonte tipográfica, design gráfico, enfim, a obra completa, da ideia até chegar às mãos do eventual leitor”, sublinhou.
Nesse empreendimento, o poeta diz ter tido a “colaboração imprescindível” da design portuguesa Inês Ramos e que, havendo coisas que lhe interessem no domínio da escrita, poderá vir a publicá-las.
“Por isso, se conseguir autorização dos herdeiros, poderei vir a publicar essa obra seminal de poesia em língua cabo-verdiana, o livro “Noti” de Kaoberdiano Dambará. Fazia todo o sentido que essa obra esteticamente pregnante, mas também de combate político, fosse publicada no ano do quinquagésimo aniversário da independência nacional”, clarificou.
“Noti”, de Kaoberdiano Dambará, pseudónimo poético do advogado Felisberto Vieira Lopes, é um livro de poemas em crioulo, edição do Departamento da Informação e Propaganda do Comité Central do PAIGC, dado a conhecer em França, em 1964 e considerado pela crítica como uma das obras poéticas mais representativas da poesia engajada na luta de libertação da Guiné e Cabo Verde.
Outro projecto que José Luiz Tavares diz ter em mente é a criação de um concurso literário para descobrir novas vozes poéticas, para publicação na editora.
“Não será tarefa fácil encontrá-las, pois desde a minha aparição como poeta, há mais de 20 anos, não surgiu nada de poeticamente relevante ou significativo em Cabo Verde. O único júri serei eu, e o único critério será o meu critério de poeta. Portanto, a bitola será colocada altíssima. Mas penso que valerá a pena. Haja valentia poética para enfrentar o desafio”, concluiu o escritor.
JMV/CP
Inforpress/Fim
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