Lisboa, 10 Mai (Inforpress) - A Associação Maense em Portugal (AMP) acredita que o semestre zero anunciado pelas autoridades portuguesas para os alunos dos PALOP servirá como uma ponte entre o ensino médio no país de origem e o ensino superior em Portugal.
Em declarações à Inforpress, o presidente da AMP, Lito Spencer, que trabalha muito com os estudantes, reagia assim a uma possível implementação do semestre zero para universitários dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) nas instituições de ensino superior em Portugal.
“O semestre zero servirá como uma ponte entre o ensino médio no país de origem e o ensino superior em Portugal. Ele equipará os alunos dos PALOP com as ferramentas e o suporte necessário para navegarem com sucesso no novo ambiente académico e social. Não podemos subestimar o impacto positivo que um semestre de adaptação pode ter na vida e na carreira futura destes jovens estudantes”, frisou.
Além disso, Lito Spencer é de opinião que o semestre zero pode ser um espaço para “fortalecer as redes de apoio”, em que os alunos dos PALOP irão poder se conectar com colegas de outros países lusófonos, facilitando a integração académica e social.
“Acredito que esta iniciativa representa um passo crucial para a promoção da inclusão, equidade e sucesso académico dos estudantes provenientes de Cabo Verde, Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Moçambique, porque é inegável que muitos alunos dos PALOP enfrentam desafios específicos quando ingressam no ensino superior em Portugal”, constatou.
As diferenças nos sistemas educativos, as lacunas em termos do conhecimento linguístico e matemático, a necessidade de comprometer o seu desempenho académico e, consequentemente, as suas oportunidades de futuro, são apontados pelo presidente da AMP, como alguns desses desafios.
“O semestre zero surge precisamente como uma resposta a essas necessidades. Este período inicial de adaptação e nivelamento permitirá aos alunos dos PALOP colmatar as suas lacunas (…) e familiarizar-se com a nova realidade académica e social em Portugal”, frisou.
A proposta da implementação do semestre zero surgiu do relatório “Perfil dos Estudantes dos PALOP nas Instituições de Ensino Superior em Portugal”, visando de potencializar a integração e o sucesso académicos desses mesmos estudantes, que têm enfrentado algumas barreiras a nível linguístico e a nível do domínio das tecnologias da informação e da comunicação.
O estudo, realizado entre 2015 e 2021 e agora divulgado pelo Centro de Estudos Internacionais do ISCTE (Instituto Universitário de Lisboa), sugere um período preparatório para esses alunos estrangeiros, para favorecer a integração e responder à forte procura, principalmente nas instituições do interior de Portugal.
De acordo com os investigadores, os alunos dos PALOP “não têm falta de competências em termos académicos, mas têm muita dificuldade de integração, não conhecem as matérias, não conhecem a forma de ensino e têm, muitas vezes, dificuldades linguísticas”, e que por isso, um semestre zero afigura-se como crucial para estes estudantes.
A medida já foi anunciada pelo anterior Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e tem implementação prevista para o próximo ano lectivo 2024-2025.
DR/CP
Inforpress/Fim
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