Mindelo, 26 Set (Inforpress) – O presidente da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) considerou hoje, no Mindelo, que a crise energética que a cidade da Praia enfrenta é reflexo de um modelo de governação que já não serve o País.
João Santos Luís, que falava em conferência de imprensa na sede do partido em São Vicente sobre a crise energética por que passa a cidade da Praia, também afectada por dificuldades no fornecimento de água, disse que o modelo de governação é fechado, excessivamente centralizado, ignora o potencial das ilhas, das comunidades e das regiões e concentra tudo em decisões políticas sem visão e sem planeamento.
“É difícil compreender ou aceitar que, num arquipélago 99 por cento (%) mar, com sol abundante, com ventos constantes, estejamos a falar de uma crise energética profunda. Não é falta de recursos, é falta de visão. Não é escassez natural, é deficiência de governação”, criticou.
Para João Luís, a recente divisão da empresa estatal da electricidade, “tomada de forma unilateral e centralizada, é um exemplo claro de decisões mal pensadas, sem estudos de impacto, sem auscultação pública e sem retorno positivo para a população”.
Segundo a mesma fonte, esta medida resultou em mais burocracia, mais custos para o Estado e mais problemas para os consumidores.
Conforme o político, por causa da “má decisão mesmo na divisão e escangalhamento da empresa” as ilhas do Sal e de São Vicente “terão muito mais problemas” daqui para frente, à semelhança do que está a acontecer na cidade da Praia.
“Só a título de exemplo, um contador não sai do armazém da Electra sem a autorização de um administrador. Perguntamos, quem está a ser responsabilizado por esta má gestão? Onde está a liderança que se exige no momento de crise”, questionou.
O presidente da UCID lembrou que Cabo Verde tem tido, ao longo dos anos, acesso a importantes recursos económicos, ajuda internacional e financiamento externo, mas afirmou que estes recursos não têm sido canalizados para resolver os problemas estruturais do País.
Segundo João Luís “é inadmissível e é inacreditável” num país a comemorar 50 anos de independência, com todos estes recursos, estar ainda a depender da energia fóssil para iluminação e para o funcionamento das empresas e instituições.
O presidente da UCID disse que há muito que o seu partido está a propor soluções para resolver os problemas de energia eléctrica no País. Mas esses problemas persistem por falta de vontade e de ideias dos sucessivos partidos que governaram Cabo Verde.
“Em Cabo Verde nós temos até condições de produzir hidrogénio verde. É só massificarmos a produção de energias renováveis e termos as condições de produção de hidrogénio verde para o nosso consumo e para exportarmos aqui perto para a Europa”, sugeriu.
CD/HF
Inforpress/Fim
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