Portugal: 25 de Abril relembrado por gerações antes e pós-Revolução dos Cravos (c/áudio)

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Portugal: 25 de Abril relembrado por gerações antes e pós-Revolução dos Cravos (c/áudio)
12/04/24 - 08:55 am

Lisboa, 12 Abr (Inforpress) – A Associação Cabo-verdiana (ACV) em Lisboa, as Mulheres Socialistas e o Saaraci Colectivo Teatral promoveram um ciclo de conversas para celebrar os 50 anos do 25 de Abril com a participação de gerações antes e pós-Revolução dos Cravos.

O encontro com a comunidade aconteceu na tarde/noite desta quinta-feira, 11, nas instalações da ACV, em Lisboa, e contou com vários oradores que falaram de diferentes temas que têm a ver, sobretudo, com a forma como foi e é vivenciado esse marco histórico em Portugal, mas também nas ex-colónias portuguesas em África (Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Guiné-Bissau).

“O 25 de Abril tem de ser comemorado sempre, todos os anos, especialmente este ano que é o cinquentenário”, expressou em declarações à Inforpress, a vice-presidente e presidente em exercício da ACV, Dulcineia Sousa, manifestando a importância de comemorar esta “data emblemática”.

O evento serviu também para homenagear as mulheres, numa sala que também estava composta por homens, mas Dulcineia Sousa explicou que era preciso reconhecer, de uma forma simbólica, as mulheres que vivenciaram e lutaram para que o 25 de Abril de 1974 fosse possível, mostrando-se “preocupada e um pouco assustada” com o crescimento da extrema direita em Portugal, depois de ser ter conquistado muito desde há 50 anos.

Por sua vez, o director artístico da Saaraci Colectivo Teatral, João Branco, que está a preparar a estreia da peça de teatro “Dona Pura e os camaradas de Abril”, explicou a relevância do evento para o colectivo, enfatizando o desejo de estar em contacto com a comunidade cabo-verdiana em Lisboa e em Portugal, no geral, especialmente aqueles que vivenciaram o 25 de Abril.

“Nós, quando montamos esse projecto, uma das estruturas que contactamos foi precisamente a Associação Cabo-verdiana para ser parceiro a diferentes níveis. Não só porque está prevista a apresentação deste espectáculo depois da estreia em Lisboa, e aí contamos com uma ampla mobilização da comunidade cabo-verdiana para assistir ao espectáculo, mas também porque nós temos interesse por causa da temática da própria peça, de estar em contacto com a nossa comunidade”, sustentou.

João Branco também disse acreditar que muito do que a obra, em que se baseia a peça de teatro, traz seja praticamente biográfica, porque na altura do 25 de Abril, o autor Germano Almeida estava precisamente em Lisboa a estudar Direito e era bolseiro da Fundação Gulbenkian, como o protagonista e narrador do livro.

“E, portanto, este contacto directo com a comunidade cabo-verdiana sempre foi uma componente importante do projecto. É por isso que todo o elenco está aqui presente para os ouvir, para conversar, para tirar anotações, enfim, para ajudar a construir também o seu próprio trabalho enquanto actores e actrizes”, esclareceu o também actor, encenador e professor de teatro.

Uma das oradoras do evento foi a romancista e jurista Lídia Praça, que também em declarações à Inforpress, destacou a importância de relembrar os eventos históricos como o 25 de Abril.

“Os meus filhos não vêem Abril como eu vejo. Porque eles já nasceram em liberdade e, portanto, o que nos une à volta destes temas é a liberdade, a conquista da liberdade, a democracia, que são duas ideias que, de facto, nunca estão definitivamente conquistadas”, frisou

Além das conversas sobre a história e importância do 25 de Abril, Lídia Praça ainda partilhou informações sobre o seu romance “São flores de amor os cravos de Abril”, destacando a importância de explorar artisticamente os eventos históricos.

O evento, que visou não apenas celebrar, mas também educar e inspirar as gerações mais jovens sobre os valores de liberdade e da democracia, contou com a presença de diversos membros da comunidade e representantes dos parceiros envolvidos.

A antiga deputada da Assembleia da República de Portugal e antiga dirigente da Associação Cabo-verdiana, Celeste Correia, foi outra oradora no evento e falou sobre “A vivência de uma jovem cabo-verdiana em Portugal no 25 de Abril de 1974” e artista plástico António Firmino deu o seu testemunho sobre como foi um militar no 25 de Abril.

A iniciativa que terminou com um jantar, contou igualmente com um momento cultural de poesia e música com Carla Correia, Heloisa Monteiro e Teresa Noronha.

DR/HF

Inforpress/Fim

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