Portugal: Moinho da Juventude celebra 40 anos de luta que confunde-se com a história da Cova da Moura – Presidente

Inicio | Cooperação
Portugal: Moinho da Juventude celebra 40 anos de luta que confunde-se com a história da Cova da Moura – Presidente
01/11/24 - 08:40 pm

Lisboa, 01 Nov (Inforpress) – O presidente da Associação Cultural Moinho da Juventude considerou hoje que o percurso da organização é de luta pela dignidade e que nesses 40 anos pode até confundir-se com a história do bairro da Cova da Moura.

Em declarações à Inforpress nesse dia em que a associação completa 40 anos de fundação, Jakilson Pereira lembrou que quando o Moinho da Juventude foi criado, os seus fundadores iniciaram com a luta pelo saneamento básico na Cova da Moura, bairro do concelho da Amadora, onde residem milhares de cabo-verdianos.

“O percurso da associação é um percurso de luta, muita resistência e, muitas vezes, confunde-se até o Moinho da Juventude com a própria história da Cova da Moura. São 40 anos de luta pela dignidade, 40 anos a traçar aqui a nossa história, a tentar mudar as coisas e apoiar a comunidade”, afirmou.

Para o presidente da direcção, nesses 40 anos “nem sempre as coisas foram fáceis” e muitas pessoas que fundaram a associação, continuam enquanto funcionários, sinal que, no entender de Jakilson, “valeu a pena a luta”, garantindo que vão continuar com os novos desafios que vão surgindo.

A Associação Cultural Moinho da Juventude presta vários serviços à comunidade, com mais de 500 utentes diários, entre ATL, creches, jardim infantil, o Gabinete de Inserção Profissional, o apoio na documentação, a cantina social, entre outros serviços prestados pelos pouco mais de 100 funcionários.

De acordo com Jakilson Pereira, são vários os desafios enfrentados nesses 40 anos, que começou com o levar o saneamento e alguns serviços básico ao bairro, uma “luta bastante dura”, já que na altura a Cova da Moura nem era reconhecida pelas instituições nacionais como um bairro, até entrar no novo milénio, com a morte de Ângelo, de 17 anos, por polícia e que motivou tumultos em 2001.

“O Moinho sempre teve um papel determinante e sempre marcou a sua posição, defendendo a comunidade, reconhecendo algumas coisas que se podem melhorar, porque estamos aqui mais de 300 dias por ano a tentar melhorar algumas coisas”, disse.

Lembrou, a este propósito, o episódio em 2015, em que alguns agentes da PSP [Polícia de Segurança Pública] agrediram os membros da direcção e do corpo gerente do Moinho da Juventude, situação que a associação “não teve solução” e teve que reagir e lutar para que a justiça fosse feita.

“Depois dessa luta, houve afastamento da instituição polícia, que era supostamente para nos proteger, mas também não gosta que a gente faça as denúncias, mas o Moinho tem esse papel da denúncia e nunca irá permitir que violem qualquer que seja o direito do cidadão ou mesmo dos princípios democráticos, do Estado de Direito”, assegurou.

Apesar das tentativas de retaliações ao longo desse período todo, Jakilson Pereira é categórico em afirmar que não se pode ficar calado perante a injustiça, tanto que a Associação Cultural Moinho da Juventude foi fundada para combater as injustiças e por isso, “nunca pode compactuar com a injustiça”.

“A realidade mudou, mas falta muita coisa para se mudar e criar. Nós apoiamos toda a gente na reinserção social, seja imigrante, ou membro português, já tivemos projectos com as prisões, para as pessoas terem uma reinserção social e não voltarem ao crime”, disse o presidente da Associação Cultural Moinho da Juventude, que trabalha, não só com os cabo-verdianos, mas também com cidadãos dos países de expressão portuguesa e outros.

Hoje, o dia foi de festa aberta para a comunidade, com cachupa, porco no espeto e convívio entre as pessoas nesse dia em que também o grupo de batuque Finka Pé completa 39 anos.

DR/ZS

Inforpress/Fim

Partilhar