Pontinha de Janela, 27 Ago (Inforpress) – Há mais de uma década, os pescadores de Pontinha de Janela, Paul, Santo Antão, aguardam por um arrastadouro que lhes garanta segurança para os botes.
A estrutura chegou a ser construída, mas sucumbiu à força do mar, deixando a comunidade sem um local seguro para atracar e guardar as suas embarcações.
Sem um local seguro para atracar, os homens do mar enfrentam riscos diários, tanto para a sua segurança física como para a sobrevivência da pesca, única fonte de sustento de muitas famílias, da comunidade de Pontinha de Janela.
“Estamos sempre a viver na incerteza. Se vier mau tempo, podemos perder tudo”, lamentou o pescador Aldevino Ramos.
Em declarações à Inforpress, Aldevino Ramos disse que as dificuldades aumentaram com as obras de uma ponte na zona de Penedo, que bloquearam a praia usada para arrastar os botes.
Hoje, segundo a mesma fonte, as embarcações permanecem em alto-mar, e muitos pescadores arriscam-se a sair à faina durante a noite, quando o peixe é mais abundante, mas o regresso é perigoso.
Paulo Santos, armador, explicou que a falta de arrastadouro compromete a segurança e a integridade das embarcações e dos homens do mar.
“Já houve marinheiros que se fracturaram tentando puxar os botes pela pedra. Estamos presos entre o mar e a necessidade de trabalhar”, enfatizou.
Enquanto isso, Manuel Lopes, que é pescador, confirmou que a incerteza afecta não só o trabalho, mas também o psicológico dos pescadores.
“Às vezes quero ir pescar, mas penso duas vezes, porque a falta de condições tira-nos segurança e vontade”, alegou.
Manuel Lopes afirmou que apesar dos apelos constantes, até agora nenhuma das promessas se materializou em soluções concretas.
“O arrastadouro continua a ser uma miragem, e os pescadores de Janela sentem-se abandonados”, frisou.
Em Dezembro de 2024, o ministro do Mar, Jorge Santos, anunciou que as obras do porto de pesca de Penedo de Janela começariam em 2025, num projecto que visa modernizar e revitalizar a infraestrutura, essencial para a pesca e o turismo.
O plano inclui porto abrigado, casa para pescadores e instalações para fabrico de gelo, com financiamento do Banco Mundial.
“O projecto é complexo, mas necessário. Já foram gastos muitos recursos em tentativas frustradas, e agora é crucial um planeamento robusto para que a obra não seja destruída pelo mar”, afirmou Jorge Santos.
LFS/JMV
Inforpress/Fim
Partilhar