Buenos Aires, 27 Ago (Inforpress) - O Presidente argentino teve de ser retirado hoje de um comício eleitoral na província de Buenos Aires devido a incidentes com manifestantes da oposição, que atiraram objetos contra o veículo aberto em que viajava.
A situação surgiu na sequência de confrontos entre alguns dos manifestantes e polícia.
Devido aos incidentes, Javier Milei foi imediatamente retirado pela equipa de segurança, juntamente com a irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei, enquanto o principal candidato às eleições legislativas na província, José Luis Espert, abandonou o local a bordo de um motociclo.
Os episódios ocorreram durante um comício eleitoral na localidade de Lomas de Zamora, na província de Buenos Aires, onde Milei se deparou com um numeroso grupo de manifestantes da oposição que lhe atiraram pedras, galhos e ovos, entre outros objetos, e a polícia protegeu o Presidente com escudos antes de o retirar num veículo blindado.
O incidente aconteceu no mesmo dia que o chefe de gabinete do Governo argentino, Guillermo Francos, afirmou que a denúncia por alegados subornos na Agência Nacional de Deficiência (Andis) é uma "operação política" orquestrada por setores "populistas" tendo em conta as eleições legislativas que se aproximam naquele país sul-americano.
"Foi orquestrada uma operação política divulgando supostas gravações de áudio do ex-titular da Andis", afirmou o chefe de Gabinete de ministros perante o plenário da Câmara dos Deputados, para apresentar o relatório semestral de gestão do Executivo de Javier Milei.
Francos atribuiu as denúncias a um “modus operandi populista que aparece com mais força quando as eleições se aproximam”, numa alusão às eleições legislativas na província de Buenos Aires, marcadas para setembro e às eleições nacionais programadas para outubro.
O escândalo rebentou em 20 de agosto, quando os média locais divulgaram áudios atribuídos ao agora ex-titular da Andis Diego Spagnuolo, um dos advogados de Javier Milei.
As gravações descrevem um suposto esquema de subornos na compra estatal de medicamentos, cujo principal responsável seria o subsecretário de Gestão Institucional da Secretaria-Geral da Presidência, Eduardo ‘Lule’ Menem, primo do presidente da Câmara dos Deputados da Nação, Martín Menem.
Nas gravações também é feita referência a Karina Milei, irmã do chefe de Estado e secretária-geral da Presidência, como possível destinatária de parte dos subornos que envolvem a empresa de comercialização de medicamentos Suizo Argentina.
"Responderemos a todas estas manobras com transparência e respeitando a divisão de poderes", assegurou o chefe de gabinete.
Francos indicou que o Executivo destituiu Spagnuolo do cargo e interveio na Andis "para garantir o seu correto funcionamento e realizar uma auditoria profunda e os inquéritos administrativos correspondentes, com ênfase no sistema de compras e contratações".
O responsável político observou também que as gravações foram divulgadas no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados rejeitou um veto de Milei a uma lei aprovada recentemente que declara a emergência em matéria de deficiência e obriga o Estado a aumentar os fundos para a assistência a pessoas com deficiência.
Apesar de a administração pública ter um excedente fiscal, Francos insistiu que essa lei "implica o desdobramento de recursos económicos dos quais o Estado não dispõe".
"Tanto a aprovação de leis que exigem recursos que quebram o equilíbrio fiscal como a difamação de funcionários com acusações infundadas fazem parte de um mesmo padrão: a ação de um pequeno grupo de pessoas que nesta nova Argentina já não têm lugar", afirmou.
Lusa/Fim
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