Pedro Pires considera “esquisito” o golpe na Guiné-Bissau e defende solução interna

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Pedro Pires considera “esquisito” o golpe na Guiné-Bissau e defende solução interna
04/12/25 - 03:35 pm

Cidade da Praia, 04 Dez (Inforpress) - O antigo Presidente da República Pedro Pires considerou hoje “esquisito” o golpe na Guiné-Bissau e afirmou que a crise é um assunto “estreitamente interno” cabendo aos próprios guineenses encontrar soluções para ultrapassar as dificuldades políticas e institucionais.

Pedro Pires fez estas considerações sobre o golpe de Estado ocorrido na Guiné-Bissau, no dia 26 de Novembro, ao ser questionado pelos jornalistas à margem da cerimónia de entrega da Medalha de Honra, pelo Embaixador de Angola em Cabo Verde.

A distinção surge na sequência da 8.ª cerimónia de condecorações promovida a 06 de Novembro, em Luanda, onde o Presidente de Angola, João Lourenço, atribuiu a mais alta honra nacional aos antigos chefes de Estado cabo-verdianos, Aristides Pereira e Pedro Pires, em reconhecimento pelo papel desempenhado na história política do país.

“É difícil dar-lhe uma resposta, porque não quero trazer mais polêmica, mais confusão nisso, mas o golpe na Guiné-Bissau é algo esquisito”, precisou.

No seu entender, não é um problema cabo-verdiano, nem é um problema africano, é um problema guineense e quem deve contribuir para a solução de um problema interno são os guineenses.

Para o antigo Chefe de Estado, o mais importante do que classificar ou condenar é compreender “como sair dessa situação”, sendo que a prioridade deve ser a libertação de todos os presos políticos.

“Eu vejo que a saída dessa situação, primeiro, é preciso libertar todos os presos políticos, essa é a condição prévia, do meu ponto de vista, e aqueles que têm o poder devem compreender que é fundamental criar as condições para o diálogo”, apontou.

Defendeu ainda que as autoridades guineenses devem organizar-se para dialogar já que um processo interno poderá conduzir a uma solução duradoura.

“Podemos trazer contribuições externas, mas a consolidação da solução tem que ser interna, e por isso terá que criar as melhores condições para incitar o diálogo e encontrar a melhor solução”, disse.

Pedro Pires insistiu que a Guiné-Bissau precisa de reforçar o Estado soberano e, sobretudo, o Estado de Direito, respeitando as regras democráticas para ultrapassar o conflito.

“É um conflito interno, por mais que a gente não queira, é um conflito interno, e quem resolve o conflito são os intervenientes, eles é que têm que ter a sabedoria de tirar essa conclusão e que devem criar as condições para o diálogo, e a partir do diálogo construir uma solução durável”, concluiu.

A Guiné-Bissau está suspensa da CEDEAO, assim como de outra organização regional, a União Africana, consequência do golpe de Estado de 26 de Novembro, quando um Alto Comando Militar tomou o poder, destituiu o Presidente, Umaro Sissoco Embaló, que deixou o país, e suspendeu o processo eleitoral.

As eleições gerais, presidenciais e legislativas, tinham decorrido sem incidentes a 23 de Novembro e, um dia depois, o candidato da oposição, apoiado pelo histórico partido PAIGC, excluído das eleições, Fernando Dias, reclamou vitória na primeira volta sobre o Presidente Embaló.

Na véspera da divulgação dos resultados oficiais, um tiroteio em Bissau antecedeu a tomada do poder pelo Alto Comando Militar que nomeou o Presidente de transição, o general Horta Inta-A.

AV/ZS

Inforpress/Fim

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