Cidade da Praia, 26 Jun (Inforpress) – O deputado e presidente da UCID, João Santos Luís, afirmou hoje que o sector privado cabo-verdiano “continua frágil e negligenciado pelo Governo” e que a “burocracia exacerbada age como verdadeiro obstáculo ao investimento e à competitividade”.
Santos Luís fez estas críticas durante a abertura do debate sobre a políticas externa e interna proposto pela União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) no segundo dia da sessão plenária deste mês.
Para o deputado da UCID, o sector privado em Cabo Verde “continua frágil e negligenciado”, em que cerca de 90% das empresas são micro pequenas e médias empresas, indicando que muitas delas operam na informalidade sem estrutura empresarial, com fraca gestão financeira e sem acesso real ao crédito.
Estas empresas, salientou, não estão nestas situações por falta do esforço ou do talento, mas sim porque o ambiente económico e institucional não lhes permite crescer, indicando que o sistema financeiro funciona deficientemente a favor da produção.
Considerou que a informalidade se posiciona como entrave estrutural e hoje “milhares de cabo-verdianos sobrevivem da economia informal”, sendo que “este ciclo produz pobreza, fragiliza o tecido empresarial e desestrutura a base fiscal do país”.
João Santos Luís afirmou que não é possível construir uma economia forte sob uma base tao instável, apontando que o acesso ao financiamento é um dos maiores bloqueios do sector privado nacional.
“O Estado, que deveria ser promotor de um verdadeiro ecossistema empresarial, tem se revelado muitas vezes ausente ou até mesmo hostil, a complexidade de regulamentação, a morosidade nos serviços, a insegurança jurídica, falta de transparência na contratação pública, desmotivam os investidores e enfraquecem a confiança nas instituições”, declarou.
Reconheceu que Cabo Verde tem a potencial real em aéreas como economia marítima, energias renováveis, tecnologias de informação, comunicação, agricultura sustentável, indústrias e indústrias criativas, mas, frisou, “falta uma estratégia, visão do Estado e coragem política” para diversificar e inovar o sector.
Ao abordar a situação dos jovens empreendedores, disse que uma boa parte da juventude cabo-verdiana tem mostrado resiliência, criatividade e ambição, todavia, acrescentou, enfrentam um sistema “que não os escuta, os financia e nem os protege”.
Defendeu ainda que o sector privado nacional precisa de “reformas sérias e céleres” e que a UCID propõe medidas de reformas do sistema financeiro, simplificação e digitalização eficiente da Administração Pública, investimento no conhecimento prático, descentralização da economia e criação de uma nova cultura empresarial.
O deputado da UCID realçou, por outro lado, que apesar dos caminhos já percorridos, Cabo Verde continua numa encruzilhada de manter um “sector privado frágil dependente e informal”, ou construir um sector forte competitivo que sirva os interesses dos cabo-verdianos.
“Não se trata apenas de atrair investimentos externos, trata-se acima de tudo de empooderar os empresários para serem protagonistas do seu próprio destino económico. a minha questão é se queremos um sector privado que dependa do estado ou um sector privado que ajude a transformar o país”, finalizou.
CM/AA
Inforpress/Fim
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