Parlamento: Partidos apresentam posições divergentes quanto ao sector da Cultura

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Parlamento: Partidos apresentam posições divergentes quanto ao sector da Cultura
11/12/24 - 01:51 pm

Cidade da Praia, 11 Dez (Inforpress) – Os partidos políticos com assento parlamentar PAICV e UCID (oposição) questionaram hoje o estado em que se encontra o sector da Cultura, enquanto o MpD (poder) realçou que o Governo tem dado uma “atenção especial” ao sector.

No debate parlamentar da primeira sessão plenária com o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) foi o primeiro partido a intervir, com a deputada Josina Freitas a considerar que a cultura em Cabo Verde enfrenta “desafios estruturais” que vão “além das promessas e discursos”.

Apontou que neste momento não existe um financiamento consistente, há ausência de uma agenda cultural nacional organizada, falta de autonomia administrativa e financeira, patrimónios negligenciados, como o caso do projecto de candidatura do Campo de Concentração do Tarrafal a Património Mundial.

Outro “ponto preocupante”, segundo a mesma fonte, é a “fuga de técnicos qualificados” das instituições culturais, perda essa que, no seu entender, afecta diretamente a capacidade de planear e implementar projectos, e compromete a continuidade e o fortalecimento do sector.

Propôs autonomia financeira das instituições culturais públicas, maior transparência no financiamento cultural e um plano estratégico para a morna, de modo a garantir que este património mundial seja valorizado através de festivais, formações musicais, campanhas internacionais de promoção e apoio directo aos artistas que a preservam.

Defende ainda a digitalização e preservação do património, protecção do património subaquático, investimento na formação e retenção de quadros técnicos, valorização da literatura e dos escritores cabo-verdianos.

Para o PAICV, a cultura precisa alcançar todas as ilhas e todas as camadas da população, especialmente os jovens, idosos e pessoas com deficiência.

Do outro lado, o deputado do Movimento para a Democracia (MpD) José Eduardo Moreno assegurou que o Governo tem implementado uma estratégia integrada que posiciona a cultura como factor de desenvolvimento social e económico.

Afirmou que a integração entre cultura, inovação e educação tem sido central para construir uma sociedade “mais coesa”, responder aos desafios modernos, promover a formação e capacitação das novas gerações e valorizar o patrimônio nacional assegurando sua sustentabilidade.

“Desde a liderança do MpD, Cabo Verde tem alcançado importantes avanços culturais, um marco significativo foi a declaração da Morna como Património Imaterial da Humanidade pela Unesco, em 11 de Dezembro de 2019”, referiu.

Segundo disse, o Governo implementou projectos que valorizam o património, de preservação e inovação, promovem a classe artística, modernizam as infraestruturas e apoiam os agentes culturais. 

No seu entender, o Governo continuará a fortalecer ainda mais a conexão entre cultura e economia, apoiando o empreendedorismo cultural e promovendo a valorização do patrimônio tendo como propósito trazer mais rendimento, mais financiamento e melhor organização para o sector.

Por sua vez a deputada da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) Zilda Oliveira afirmou que apesar de Cabo Verde ser conhecido pela sua cultura, música, dança, culinária, tradições, festivais, celebrações, artes e literatura, continua ainda a enfrentar desafios relacionados à preservação tanta da cultura material como imaterial.

Questionou o ministro sobre que medidas estão a ser implementadas para preservar e salvaguardar a cultura material e imaterial, nomeadamente as festas tradicionais, jogos, das brincadeiras, dos contos, dos dizeres ou ditos populares e entre outros. 

“É necessário pensar nas indústrias, cultura e criativa, na sua interligação com outras áreas, com outros sectores, como a educação, a formação, a investigação, a tecnologia e o turismo”, apontou a deputada, que realçou que a cultura é memória e, acima de tudo, é “identidade do país enquanto povo”.

Por fim considerou que só com “forte investimento” no sector, a cultura poderá continuar a cumprir o seu papel social, agregando valor com impacto positivo na geração de emprego, no crescimento económico e na melhoria do bem-estar da sociedade.

AV/AA

Inforpress/Fim

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