
Cidade da Praia, 14 Nov (Inforpress) – A educadora parental Érica Correia advertiu hoje que a utilização de métodos agressivos, como punições físicas e verbais, na educação das crianças “cria medo, bloqueia o desenvolvimento emocional e deixa marcas duradouras para a vida adulta”.
A especialista cabo-verdiana, que reside na Suíça e se encontra em Cabo Verde para uma série de workshops e palestras, defendeu em entrevista à agência Inforpress, que a “parentalidade positiva, baseada no diálogo e no afecto, é mais eficaz para estabelecer limites”.
Érica Correia indicou que o objectivo da sua intervenção é capacitar pais e encarregados de educação para uma abordagem mais consciente e humana, perante o desafio do comportamento infantil.
“Hoje sabemos através da ciência que gritar, bater ou humilhar não educa. Apenas cria medo, bloqueia o desenvolvimento emocional e deixa marcas para a vida adulta”, observou a educadora, que trabalha com famílias na prevenção de padrões educativos agressivos.
A especialista alertou que “métodos agressivos não ensinam respeito, ensinam medo”, e este cria “feridas emocionais que seguem a criança para a vida adulta”, notando, contudo, que a educação permissiva, por não dar estrutura nem segurança, também não é a solução.
A nova abordagem defendida, continuou, fortalece o vínculo entre pais e filhos, contribuindo para que a criança se sinta segura e confiante. Este respeito e empatia conduzem à melhoria do comportamento, “promove disciplina com respeito e ajuda a formar crianças ‘mais seguras, confiantes e emocionalmente inteligentes’”.
Érica Correia exemplificou que, em Cabo Verde, a maioria das pessoas foi educada com palmadas, gritos e humilhações, um modelo enraizado na cultura local.
“A maioria de nós crescemos a ouvir que bater educa e que criança não responde. Só que hoje sabemos que isso não é verdade”, comentou, apelando para a “urgência” de quebrar estes padrões que se repetem de forma automática.
A educadora reconheceu que muitos pais se sentem sem ferramentas emocionais para adotar uma abordagem diferente, acabando por replicar a violência que viveram ou, em contraponto, tornando-se excessivamente permissivos por receio de magoar os filhos.
Reiterou que a melhor forma de educar passa pela “educação positiva consciente e com firmeza”. O castigo, o grito e a violência apenas interrompem o comportamento por medo, sem ensinar.
“Não adianta bater, criticar, ameaçar ou fazer outras coisas para castigar filhos, porque ao bater aumentam a distância emocional”, vincou Érica Correia, finalizando que a melhor estratégia é a “conexão, empatia e limites firmes sem humilhação”.
"Quando o adulto muda a forma de comunicar a criança muda a forma de responder", concluiu.
DG/CP
Inforpress/Fim
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