PAICV considera que Santo Antão enfrenta “um dos piores tempos” da sua história

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PAICV considera que Santo Antão enfrenta “um dos piores tempos” da sua história
23/07/24 - 02:58 pm

Ribeira Grande, 23 Jul (Inforpress) – O vice-presidente da Comissão Politica Regional do PAICV (oposição) em Santo Antão considerou hoje que a ilha está a enfrentar “um dos piores tempos” da sua história, marcado por uma “triste e degradante” realidade social e económica.

José Manuel Monteiro fez estas declarações à imprensa, durante o balanço sobre a actual situação socioeconómica de Santo Antão e culpou as câmaras municipais e o Governo, ambos liderados pelo Movimento para a Democracia (MpD, poder) de “abandonarem por completo” a ilha.

“Muito pouco tem feito pela ilha. Contrastando com a notável governação do PAICV, que ergueu verdadeiras obras estruturantes nas mais diversas localidades e transformou realmente a nossa ilha”, afirmou.

Segundo o vice-presidente da Comissão Politica Regional do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), em Santo Antão, é de “lamentar” igualmente a “falta de medidas suficientes e eficientes” por parte dos presidentes das câmaras municipais do Porto Novo, Ribeira Grande e Paul.

Segundo José Manuel Monteiro, há “falta de capacidade” de diálogo dos três autarcas no sentido de fazerem uma “influência positiva” junto do Governo para impulsionar o desenvolvimento local e resolver “questões importantíssimas” que possam ajudar as famílias a enfrentarem as suas dificuldades.

A mesma fonte realçou que todos os indicadores sociais registrados em 2015 “caíram vertiginosamente” e consequentemente a qualidade da vida e bem-estar das populações também “reduziram drasticamente”.

“Os serviços de saúde na ilha são um caos, com registro de uma completa desorganização, longas esperas para consultas, um grande déficit de profissionais, de meios de diagnóstico e de medicamentos”, denunciou.

Segundo o político, os serviços de transferência de doentes à noite para São Vicente não funcionam e a falta de medicamentos nas farmácias privadas também se tornou uma rotina, incluindo os remédios para doenças crónicas que os doentes deviam tomar todos os dias.

“O prometido Centro de Saúde da Ribeira das Patas, no concelho do Porto Novo - já lá vai a quarta pedra - e ainda está longe de ser uma realidade, numa autêntica falta de consideração para as pessoas. Santo Antão está dotado de um hospital regional, mas ainda deparamos com grandes insuficiências no que diz respeito a equipamentos hospitalares e meios de diagnósticos, atendimentos personalizados”, salientou.

Em relação ao sector da Educação, a mesma fonte disse que se verifica uma “grande desorientação” e a maioria dos professores está “descontente e desmotivada” com o exercício da profissão.

José Manuel Monteiro acusou ainda o poder local de “maquiar a situação”, em que, segundo o mesmo, até as cerimónias de finalistas transformaram-se em “palcos de campanha eleitoral” e espaços de “perseguição de pessoas”, numa “vã tentativa de impor poder e enganar” os menos informados que tudo está “às mil-maravilhas”.

José Manuel Monteiro enfatizou que as zonas rurais estão “completamente desamparadas”, com “graves” problemas sociais.

O emprego público, segundo a mesma fonte, “praticamente não existe” e as poucas frentes que conseguem abrir são “apenas para fingir”, já que os salários “são baixíssimos e são pagos com atraso”.

O mais preocupante, segundo o politico, são as pessoas que estão oficialmente desempregados, que não têm qualquer suporte social, agravado com os vários anos de seca e o elevado preço dos alimentos.

“Enquanto isto, os governantes, fora deste mundo de dificuldades, preferem gastar grandes somas de dinheiro em eventos e pequenas obras de cosmética para dar ideia de que estão a fazer alguma coisa, quando, neste momento de crise, a prioridade absoluta deveria ir no sentido de ajudar as pessoas em dificuldade”, acusou.

LFS/AA

Inforpress/Fim

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