Cidade da Praia, 26 Set (Inforpress) – O secretário-geral do PAICV, Vladmir Silves Ferreira, acusou hoje o Governo de descoordenação, falta de liderança, criticando que nenhum sector essencial do país funciona com normalidade e respostas às demandas da população.
O secretário-geral do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) fez estas críticas em conferência de imprensa sobre a análise da situação política nacional e as principais conclusões e posicionamentos saídos da reunião ordinária do PAICV, realizada esta quinta-feira.
Segundo Silves, a situação do país é “dramática”, especialmente no fornecimento de serviços básicos, afectando famílias, empresas e demais operadores sociais e económicos.
No sector energético, apontou para o “falhanço total”, lembrando que a central eléctrica da ilha de Santiago, recebida renovada em 2016, deveria cobrir 200% das necessidades da ilha, mas actualmente enfrenta apagões devido à “incompetência e falta de investimentos”.
Na educação, Silves destacou as incertezas na implementação do novo Programa Curricular do Ensino Fundamental (PCFE) e questionou a introdução do Manual de Língua Cabo-verdiana, considerando que o Ministério da Educação não confia na equipa de especialistas responsável.
Também criticou os transportes, tanto aéreos como marítimos, apontando “irregularidades” no fornecimento de serviços, preços elevados, cancelamentos diários e fragilidade das instituições reguladoras.
“Não encontramos um único sector cujo funcionamento esteja ao nível esperado para a vida dos cabo-verdianos”, afirmou, referindo que o Governo “perdeu o controlo do país”.
O dirigente apontou ainda que cada ministro actua de forma individual e arbitrária, sem coordenação geral, o que, a seu ver, reflecte a incapacidade do Governo de gerir a situação. Cita como exemplo a crise no fornecimento de energia eléctrica na cidade da Praia, para a qual, completou, “não há prazo de resolução e de retorno à normalidade”.
“Penso que o primeiro-ministro já deitou a toalha ao chão, desistindo de organizar e liderar o Governo”, declarou o dirigente, sublinhando a gravidade da situação e a necessidade de respostas urgentes para os problemas do país.
A seis meses das eleições legislativas, o PAICV apela ao MpD e às lideranças políticas que o discurso político seja conduzido com “serenidade, elevação e respeito mútuo”, focando nos problemas reais e nas soluções para o desenvolvimento do país.
“O apelo que nós lançamos ao Governo, às lideranças do Movimento para a Democracia, nós todos acompanhamos aqui a forma, digamos, violenta e grosseira com que o secretário-geral da MpD se dirigiu ao presidente do PAICV e nós achamos que somos adversários, mas não somos inimigos, portanto o PAICV respeita institucionalmente o MpD e as suas lideranças e o PAICV também apela ao MpD o mesmo grau de respeito”, declarou.
O PAICV, concluiu, está a trabalhar na mobilização da sociedade civil, academia e operadores económicos em torno de um “novo projecto de resgate e desenvolvimento do país”.
CM/ZS
Inforpress/Fim
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