Mulheres chefes de famílias capacitadas em arte de transformar pele de peixe em couro

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Mulheres chefes de famílias capacitadas em arte de transformar pele de peixe em couro
20/05/25 - 02:00 pm

Cidade da Praia, 20 Mai (Inforpress) – Um grupo de 15 mulheres chefes de família da comunidade piscatória de Achada Grande Trás, na cidade da Praia, recebeu hoje o certificado de formação em arte da transformação de pele de peixe em couro.

A formação é promovida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e executada pelo o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) através do Centro de Emprego e Formação Profissional da Praia (CEFPP).

De acordo com a directora do CEFPP, Raquel dos Santos, com essa formação, a FAO e o IEFP estão a colocar no mercado de trabalho 15 mulheres profissionais com habilidade na arte da transformação de pele de peixe em couro.

Enalteceu a iniciativa da FAO, almejando que as partes envolvidas na promoção deste projecto, possam multiplicar esta acção de formação em outras comunidades piscatórias, e também a nível nacional.

“Atingimos aquilo que é o nosso objectivo porque temos mulheres que estão a fazer arte com pele de peixe, estão a transformar aquilo que era o desperdício num ganha-pão, numa renda, então estão de parabéns. Temos cá uma cooperativa já constituída e esta cooperativa, com certeza, vai agregar mais valor à vossa qualidade de vida e terá também um forte impacto na vossa comunidade”, declarou dirigindo-se aos formandos.

Raquel dos Santos informou ainda que as formandas vão beneficiar no âmbito do referido projecto de um estágio profissional de seis meses.

Por seu turno, a representante da FAO, Katya Neves, disse que se trata de um projecto que celebra a força e o talento da mulher cabo-verdiana, considerando que a promoção da igualdade de género é essencial para o alcance dos objectivos da FAO.

A organização, segundo a responsável, reconhece que a persistência das desigualdades entre as mulheres e os homens é um grande obstáculo para a agricultura, as pescas e o desenvolvimento rural, bem como para o garanço da segurança alimentar.

 “Essas formações não só contribuíram para fortalecer as vossas capacidades técnicas, mas também abriram os vossos horizontes, esperando, para a autonomia económica, para a liderança feminina e a transformação”, afirmou.

Por sua vez, a representante das formandas e presidente da cooperativa Coro Azul, Anabela Tavares, enalteceu a iniciativa e agradeceu à FAO por acreditar nas mulheres chefes de família de Achada Grande Trás e por permitir que a comunidade beneficie deste projecto.

“O vosso apoio foi fundamental para nos dar esta oportunidade única de aprender, crescer e transformar. As aulas foram mais do que técnicas, foram um incentivo constante para acreditarmos em nós mesmas e nas nossas capacidades. Hoje, saímos daqui com o nosso certificado na mão e com a certeza de que podemos fazer mais”, declarou.

Ao presidir a cerimónia de entrega de certificados, o presidente do IEFP, Paulo Santos, reiterou o compromisso do instituto em continuar a trabalhar na identificação e maximização de oportunidades para o mercado de trabalho.

“Nós apostamos fortemente na formação profissional, porque acreditamos que a formação profissional está muito associada com as externalidades positivas. Agora terminam a formação no vosso bairro, que é um bairro piscatório, que tem lá mais mulheres que lidam com o sector da pesca, montam a vossa cooperativa, passam a transformar, a aproveitar de uma matéria-prima que antes era jogado no lixo,”, desafiou.

As formações decorreram de 08 de Janeiro a 05 de Maio de 2025, nas instalações do Centro de Emprego e Formação Profissional da Praia, tendo as formandas participado em acções de capacitação nas áreas de Comunicação e Relações Interpessoais, Soft Skills (Género e Autoestima), Marketing e Redes Sociais, Planear e Iniciar um Negócio (PIN) e Gestão de cooperativa e Assistência Técnica.

O projecto Fish Waste to Fashion é uma iniciativa inovadora da FAO Cabo Verde que visa transformar peles de peixe descartadas em couro sustentável, alinhando-se com os princípios da bioeconomia circular e convertendo resíduos em valor.

Esta abordagem não só minimiza o impacto ambiental, como também cria um ciclo circular de recursos biológicos, em que os resíduos de um processo se tornam a base para outro.

CM/CP

Inforpress/ Fim

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