São Filipe, 03 Jul (Inforpress) – O ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, disse hoje, no Fogo, que a ilha será a única a nível nacional que não dispõe de dessalinizadora de água porque dispõe de “muita água subterrânea para explorar”.
Gilberto Silva, que falava na abertura da jornada de reflexão sobre os desafios e soluções para gestão da água e saneamento, apontou que, com a conclusão da dessalinizadora da ilha Brava, apenas o Fogo não terá uma infra-estrutura similar.
Questionado sobre existência de estudos que determim a potencialidade de água existente no subsolo da ilha, Gilberto Silva avançou que existem “várias avaliações”, sublinhando que o programa de prospecção de água da Empresa Intermunicipal de Águas que teve sucesso em várias localidades, incluindo Chã das Caldeiras é elucidativo.
“Temos muito potencial, precisamos de novos estudos, é sempre necessário fazer novos estudos, mas o que se sabe é que a ilha do Fogo ainda tem muita água do subsolo para exploração e tem uma pressão menor, comparativamente, com a ilha de Santiago, que tem 56% da população, e que tem uma agricultura voltada para a irrigação”, advogou Gilberto Silva.
O governante referiu ainda a ocorrência de grandes secas como dificuldades na recarga dos lençóis freáticos a nível de Santiago, mas referiu que, no caso do Fogo, a própria geologia da ilha permite uma maior infiltração e segundo os técnicos têm uma maior reserva de água, ainda por explorar.
“Não vamos eliminar a possibilidade de dessalinização no futuro, mas por enquanto não temos e nem pretendemos ter nenhum programa nesse sentido”, referiu.
Questionado sobre a possibilidade de as águas subterrâneas serem deixadas para a agricultura e avançar com dessalinização para o consumo humano, Gilberto Silva afirmou que esta opção “nua e crua” não é a mais correcta e deve-se sempre avaliar a situação, porque, explicou, a mobilização e distribuição de água é um negócio e as empresas têm de ser sustentáveis.
“A água subterrânea, onde existe, se for explorada para abastecimento público, trará maior sustentabilidade às empresas e a água dessalinizada traz custos mais elevados, por isso é preciso pesar” afirmou, sublinhando que é necessário viabilizar a agricultura e onde for possível será necessário mobilizar água de outras fontes.
O administrador/delegado da Empresa Intermunicipal de Águas, Águabrava, Rui Évora disse que existem estimativas e estudos realizados há alguns anos que indicam que o potencial dos recursos hídricos subterrâneos explorados é relevante.
Segundo o mesmo, com base nas estimativas a Águabrava estará a explorar neste momento cerca de 20 a 25 por cento (%) do potencial hídrico subterrâneo e por isso há ainda muita margem para se poder explorar muito mais água.
Um estudo apresentado em 2018 indicava que mais de dois terços (68,75 %) da água disponível nos lençóis freáticos da ilha do Fogo não são aproveitados e escorrem para o mar, sendo que a quantidade anual de água disponibilizada está calculada em cerca de oito hectómetros cúbicos, correspondente a oito milhões de metros cúbicos de água/ano.
Em 2018 aquando da apresentação dos dados do estudo o então responsável da Águabrava afirmara que eram explorados 2,5 hectómetros cúbicos, correspondendo a 31.25 % e os demais 5,5 hectómetros cúbicos, 68.75 %, escorrem para o mar todos os anos, sem que seja aproveitada.
O estudo realizado a partir das cartas de precipitação anual estimava que a média anual de recarga do lençol freático em toda a ilha é de 24,6 hectómetros cúbicos (cada hectómetro cúbico corresponde a um milhão de metros cúbicos) volumes que não são explorados na sua totalidade.
JR/HF
Inforpress/Fim
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