Cidade da Praia, 26 Jun (Inforpress) – O ministro da Saúde considerou hoje o abuso de drogas como um problema que atinge a saúde pública, a segurança, a economia e a estrutura social, afirmando ser um problema multifacetado que exige respostas integradas, transversais e sustentadas.
Jorge Figueiredo fez essas considerações na abertura do seminário organizado pela Coordenação do Álcool e outras Drogas (CCAD), em parceria com a Polícia Judiciária e o ONUDC para assinalar o Dia Mundial de Luta Contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, que acontece sobre o lema “A evidência é clara: Invista na prevenção. Quebre o ciclo. Acabe com o crime organizado”.
O governante, que chamou a atenção de todos quanto ao seu papel na luta contra a droga, realçou que nesta matéria Cabo Verde tem feito o seu percurso com “coragem e com visão” tanto a nível de respostas como na formação de profissionais que lidam com crianças e adolescentes, isso porque sublinhou, a prevenção começa no seio familiar.
“A actual realidade económica do país, contudo, que mantém os pais fora de casa por longos períodos, tem claramente fragilizado este núcleo vital, expondo os mais jovens a influências externas prejudiciais”, disse, acrescentando que é preciso se pensar na questão económica e investir no acompanhamento desde a gravidez, promovendo o planeamento familiar, a saúde mental do recém-nascido ao longo da vida e o apoio psicológico às famílias.
Face a essa situação que leva as crianças e adolescentes a passarem a maior parte do dia sozinhas nas ruas ou redes sociais, levando a que começam a ter comportamentos desviantes, Jorge Figueiredo defende intervenções com mais proximidade e atenção, trabalho a ser desempenhado pelos núcleos de prevenção.
Jorge Figueiredo admitiu ainda a necessidade de se actuar, não só com a prevenção, que é o mais importante, mas também para se evitar que crianças e os jovens tenham acesso a este “mal mundial”.
“Precisamos agir com eficácia e determinação. Contudo, não ignoramos os desafios que persistem e se transformam. Estamos a enfrentar um novo cenário marcado pela emergência das drogas sintéticas, mais potentes, mais acessíveis e mais difíceis de rastrear”, disse, alertando que as novas drogas sintéticas, produzidas de forma clandestina e com alto poder viciante, estão a proliferar rapidamente nas redes do tráfico.
Lembrou ainda que estas são substâncias cada vez mais perigosas, baratas e de fácil acesso, especialmente para a juventude e com as consequências que se está a apreciar também em partes importantes de Cabo Verde.
Segundo o ministro da Saúde não se pode ignorar o papel crescente do crime organizado, que se está infiltrando nas comunidades, explora a vulnerabilidade social e representa uma ameaça concreta, directa à saúde pública.
“Por isso, urge investirmos com base em evidências científicas. Precisamos actualizar os estudos sobre o consumo de drogas, os perfis de risco e os impactos sociais. Reforçar o sistema de informação, acompanhar as tendências globais e regionais e garantir que as nossas acções se baseiam em dados reais e estratégias comprováveis”, asseverou, frisando que o investimento na prevenção é o único caminho seguro para proteger as próximas gerações.
Por sua vez, a coordenadora residente das Nações Unidas em Cabo Verde, Patrícia Portela, lembrou que o lema escolhido para assinalar a data é “claro e directo” quanto a quebrar o ciclo e acabar com o crime organizado, por ser esta uma ameaça à saúde mental e física das pessoas.
“Como disse o secretário-geral das Nações Unidas, devemos reduzir a procura das drogas através do investimento em educação, tratamento, medidas de redução de danos e cuidados. Combater a maquinaria de produção, eliminando laboratórios ilícitos e oferecendo alternativas viáveis às pessoas”, disse, afirmando que quebrar esse ciclo é possível, mas que exige coragem, união e compromisso.
Para a coordenadora da Comissão de Coordenação do Álcool e outras Drogas (CCAD), Raquel Lopes, o dia 26 de Junho une pessoas para reafirmar um compromisso inadiável, combater o abuso e o tráfico ilícito de drogas, alertando que essa não deve ser uma luta das autoridades, mas uma “responsabilidade de todos”.
O seminário, que assinala o Dia Mundial de Luta Contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, tem como propósito sensibilizar as instituições governamentais e não governamentais, no sentido de se investir na prevenção, incluindo justiça, educação, saúde e meios de subsistência alternativos, como os pilares da resiliência sustentável.
PC/CP
Inforpress/Fim
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