Março Mês da Mulher : Engenheira Informática defende que mulheres nas TIC favorecem crescimento do país apesar dos estereótipos de género

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Março Mês da Mulher :  Engenheira  Informática  defende que mulheres nas  TIC favorecem  crescimento do país apesar dos estereótipos de género
15/03/24 - 01:02 am

Cidade da Praia, 15  Mar (Inforpress ) - Elcelina Silva, Engenheira Informática  de formação,   é um exemplo de integração e determinação  na luta das mulheres por igualdade e reconhecimento em todos os sectores da sociedade, mormente nas Novas Tecnologias  de Informação   Comunicação (TIC).

Ela é prova de que com dedicação e competência, as mulheres podem conquistar seus espaços em qualquer ambiente, quebrando paradigmas e abrindo caminho para as próximas gerações.

Em entrevista à Inforpress, a propósito do “Março Mês da Mulher”, a engenharia Informática e professora assistente da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) defendeu que   sendo o desenvolvimento do sector tecnológico e da inovação crucial para o desenvolvimento de qualquer país, mais mulheres nesta área favorecem o   crescimento de Cabo Verde.

"Mais mulheres neste sector é necessário por diversas razões: por exemplo, para a promoção da diversidade, da inovação e da equidade”, justificou Elcelina  Silva, lamentando o facto de ainda muitas   instituições preferirem homens nesta área  em detrimento   das mulheres.

"Reconheço que as coisas mudaram muito nos últimos anos, para melhor, e hoje encontramos várias mulheres deste sector bem-sucedidas profissionalmente", frisou.

Na sua trajetória profissional, disse que não enfrentou tantos preconceitos por ser uma mulher,  actuando num ambiente inicialmente  dominado por homens,  mas, advertiu  que  numa sociedade “machista e patriarcal” como Cabo Verde não é fácil enfrentar os estereótipos de género.

Para a doutoranda em Engenharia Informática e de Computadores no Instituto Superior Técnico (IST) de Lisboa – Portugal, a presença das mulheres nas ciências e tecnologias é fundamental para o desenvolvimento do país.

"A diversidade de pensamento impulsiona a criatividade e a inovação, levando a soluções mais abrangentes e eficazes. Equipas com presenças de mulheres tendem a ser mais inovadoras, pois diferentes experiências e perspectivas alimentam a criatividade, as mulheres sempre contribuem com ideias inovadoras e soluções únicas", justificou.

A presença de mulheres em posições de destaque, acrescentou, serve como inspiração para as gerações mais jovens e é fundamental encorajar mais mulheres a seguir carreiras nessas áreas, combatendo estereótipos de género.

"As contribuições das mulheres nas ciências e tecnologias desempenham um papel crucial na criação de modelos inspiradores para as próximas gerações, especialmente no encorajamento de meninas e jovens a considerarem carreiras nessas áreas", precisou.

Neste sentido, apontou que a nova geração deve ser inspirada através da promoção de visibilidades dos trabalhos das mulheres, com a  divulgação de histórias de sucesso, mentoria e networking, incentivos, " entre outras formas de destacar as poucas mulheres que existem nesta área".

Por outro lado, advogou que só é possível inspirar próximas gerações com exemplos da própria sociedade no tocante ao papel da mulher, considerando que para isso, " os governos, os partidos políticos, as organizações da sociedade civil, as empresas e a família devem fazer o seu papel".

"Ainda constato decisões e comportamentos desmotivadores dessas organizações e vejo que é necessário fazer mais na educação e cultura da igualdade de género", observou Elcelina Silva que é também mentora da iniciativa de promoção das mulheres nas TICs  na  Universidade de Cabo Verde.

"Temos um país com elevado número de mulheres desempregadas e de baixa renda. Porque não criar estratégias de diminuir desempregos investindo nas meninas desde o ensino secundário, com abordagens positivas em relação ao género e oportunidades neste sector", aconselhou.

Entretanto, apontou que o primeiro grande desafio das mulheres neste sector é a descriminação e estereótipos de género que, segundo ela, ainda são bastantes acentuados na sociedade cabo-verdiana, "que acaba afectando o dia-a-dia das mulheres no ambiente de trabalho".

Esse facto, conforme a entrevistada da Inforpress, ajuntado   com a reduzida representação de mulheres em posição de decisão, a desigualdade salarial e de oportunidades de promoção, justifica esta sub-representação da mulheres e meninas neste sector.

"Trata-se de um sector em franca expansão, com oportunidades de carreira promissoras e salários atrativos, mas a participação das mulheres nesse campo ainda está longe do ideal. A sub-representação feminina nas TIC configura-se como um desafio multifacetado que exige medidas proactivas para ser superado”, observou.

Para concluir, afirmou   que as   mulheres podem se empoderar e se destacarem na área das TIC, adotando diversas estratégias e aproveitando oportunidades para desenvolver suas habilidades e promover seu crescimento profissional.

“Investir em educação formal e em cursos de capacitação para desenvolver habilidades técnicas e conhecimentos específicos, procurar mentores e líderes na área de TIC para orientação e aconselhamento sobre o desenvolvimento de carreira, definição de metas e superação de desafios”, aconselhou Elcelina Silva, alertando que “numa sociedade machista e matriarcal como Cabo Verde não é fácil, enfrentar os estereótipos de género”.

Elcelina Carvalho Silva tem mais de 18 anos a trabalhar na área das TIC e actualmente é doutoranda em Engenharia Informática e de Computadores no Instituto Superior Técnico (IST) de Lisboa – Portugal.

É activista social no domínio da promoção de mulheres nas (Science, Technology, Engineering and Math (STEM) e mentora da iniciativa de promoção das mulheres nas TICs - Girls in ICT na Universidade de Cabo Verde.

Os dados da Organização das Nações Unidas indicam que a nível mundial apenas 30 por cento (%) de investigadores nesta área são mulheres e que em África a representatividade é de 30%, por isso declarou 11 de Fevereiro como Dia Internacional de Meninas e Mulheres na Ciência para combater a disparidade entre homens e mulheres no sector.

OM/JMV
Inforpress/Fim

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