Cidade da Praia, 13 Mai (Inforpress) – Ana Lisboa, uma mãe atípica, afirmou hoje que as respostas do Estado às necessidades das famílias com crianças neurodivergentes são “quase nulas”, defendendo que o tema deve ser debatido com mais frequência, também pelas próprias famílias.
Esta afirmação foi feita em declarações à imprensa, momentos antes da abertura do III Seminário sobre Saúde Mental Materna: “Maternidade Atípica – As faces ocultas da maternidade”, promovida pela campanha Maio Furta Cor, na cidade da Praia.
Ana Lisboa, que partilhava a sua história de vivência com uma criança atípica, sublinhou que ser mãe nessas condições é “ter que pensar sempre duas vezes mais”, por exigir constante adaptação a desafios simples do quotidiano, como a alimentação e o sono.
“Eu costumo dizer que há seis anos que não sei o que é dormir como deve ser, porque crianças atípicas, por exemplo, crianças com espectro autista, algumas têm distúrbio do sono. Sofrem de insónias, outras com selectividade alimentar”, relatou.
Em relação ao processo de aceitação, Ana Lisboa disse estar “ainda a superar” a experiência de ser mãe atípica, destacando que o diagnóstico, embora traga clareza, não facilita a caminhada.
“O diagnóstico ajuda-nos, possibilita-nos a conseguir perceber melhor como é que é o nosso filho e o que é que nós podemos fazer melhor para o avanço dele. Mas não quer dizer que passe a ser fácil”, sublinhou.
Relativamente ao apoio institucional, considerou que ainda há um longo caminho a percorrer, e que as respostas que o Estado tem dado são “quase nulas”.
“Vivemos num país que não tem muita capacidade, não tem muitas condições, mas, ao mesmo tempo, não é algo que é prioritário, ainda. Portanto, tem de ser mais falado, tem de se trazer mais isso à tona, que é para se começar a movimentar e a fazer mais coisas”, lamentou.
Para Ana Lisboa, é fundamental que o tema seja discutido com maior regularidade, não apenas na perspectiva dos profissionais, mas também das próprias famílias.
O termo maternidade atípica reflecte mães cujos os filhos são pessoas com deficiência e que, por este motivo, precisam actuar de maneira mais activa no desenvolvimento de seus filhos.
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Inforpress/Fim
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