Cidade da Praia, 23 Fev (Inforpress) – A Juventude do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (JPAI) acusou hoje o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, de pôr em causa o sonho da habitação própria à juventude cabo-verdiana.
Em conferência de imprensa concedida esta manhã, na sede do partido, na cidade da Praia, o secretário-geral da JPAI, Elmer da Graça, justificou sua acusação com a “insuficiência” de políticas objectivas e estruturantes por parte do Governo do MpD, ressaltando ainda que embora a juventude constitua a franja de maior peso demográfico no país, as respostas face às suas aspirações têm sido “deficientes”.
“A problemática de habitação ou de acesso a uma habitação condigna por parte dos jovens, famílias e dos cidadãos de baixo rendimento, nunca foi considerada prioridade por Ulisses Correia e Silva, que tem claramente as responsabilidades nesta matéria, falhando redondamente, com a juventude cabo-verdiana”, disse.
A JPAI denúncia ainda que nesta matéria não se sabe e nem se conhece os dados estatísticos oficiais, públicos e fiáveis em números e tão pouco os impactos das medidas de crédito bonificado jovem para habitação propaladas pelo Governo do MpD.
Neste âmbito, questionou que o que fica por saber é sobre que outras medidas de política pensa adoptar Ulisses Correia e Silva e o MpD, para tornar efectiva a facilitação do acesso dos jovens e das famílias jovens a uma habitação condigna, em condições que possa efectivamente pagar, já que, segundo disse, a precariedade laboral tem afectado de sobremaneira a juventude cabo-verdiana.
“Há um elevado número de jovens com contratos de trabalho a prazo, sazonais, verbais e precários condicionando assim o seu acesso a esta medida de política de bonificação de juros”, realça, sublinhando que a resolução do défice habitacional no país vai depender em muito do quadro de uma política integrada para a habitação e para a juventude e que equacione os problemas de emprego e de rendimento para as famílias jovens.
O Governo anterior, segundo indicou, fez um profundo diagnóstico da situação e concebeu o programa Casa para Todos, uma política habitacional com nove eixos de actuação que tinha como objectivo reduzir “drasticamente” o déficit quantitativo e qualitativo, nos meios urbanos e rural, assumindo assim o papel primordial do ordenamento do território, do planeamento urbanístico e do acesso ao solo na erradicação das barracas e do fenómeno de construção clandestina.
Realçou ainda que o programa não teve o seu efeito porque foi "descontinuado", pois o MpD afirmou ter outra visão e outras prioridades.
Os cabo-verdianos, em especial os jovens, acrescentou, assistem o que Ulisses Correia e Silva e o seu governo não elaboraram, ou seja, o prometido programa habitacional “robusto e estruturado”.
Em vez disso, referiu Elmer Graça, o Governo do MpD aplicou medidas de política habitacional num investimento de construção de 270 habitações, na ilha da Boa Vista, sendo que 95 dessas habitações são quartos com casa de banho partilhada e cozinha em comum.
“O Governo do MpD endividou-se, antecipando verbas do fundo do turismo que seriam destinados ao Município da Boa Vista, para construir um edifício onde 95 pessoas terão de compartilhar uma única cozinha e terão de dividir casas de banho nos quartos”, reforçou, afirmando ser inadmissível que um Governo utilize o dinheiro público para construir habitações onde as pessoas não terão privacidade.
Para concluir, a juventude do PAICV avançou que a visão de Ulisses Correia e Silva para resolução do “grave” défice habitacional no país, quantitativo e qualitativo, que afecta os jovens, está esgotada.
JBR/PC//ZS
Inforpress/Fim
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