Independência/50 Anos: Bravenses admitem desenvolvimento na ilha, mas consideram transporte marítimo o “calcanhar de Aquiles” (c/áudio)

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Independência/50 Anos: Bravenses admitem desenvolvimento na ilha, mas consideram transporte marítimo o “calcanhar de Aquiles” (c/áudio)
03/07/25 - 06:58 pm

Nova Sintra, 03 Jul (Inforpress) - Munícipes da ilha Brava admitiram que ao decorrer do tempo houve “sim” desenvolvimento, entretanto consideram que a penúria do transporte marítimo é o “calcanhar de Aquiles”, em declarações à Inforpress nas vésperas do 50.º aniversário da independência nacional.

Segundo os entrevistados, para o melhor desenvolvimento da ilha, é preciso que a autoridade intervenha e resolvam de “uma vez por toda” a questão dos transportes de acesso à ilha, assim como também na área de saúde.

João José Delgado, nascido e criado na “Ilha das Flores”, apesar de não ter acompanhado toda a história de Cabo Verde pós-independência, é de opinião que no sector da educação houve um “ganho significativo”, tendo em conta que actualmente todos os meninos têm acesso à educação gratuita.

“Tivemos também melhoria no saneamento, electricidade, internet que são sectores muito importantes, mas é claro que ainda está a faltar tirar algumas pedrinhas no sapato para melhorar ainda mais o progresso”, afirmou.

Considerou os transportes e a saúde como sectores-chave para tornar a Brava 100 por cento (%) convidativa a nível do turismo e também para quem quiser morar.

“Temos um centro de saúde com médicos competentes, com dezenas de enfermeiros, mas ainda temos algumas questões dentro desta área que precisam ser melhoradas, tendo em conta que a ilha tem défice de transporte e os agentes de saúde necessitam de melhores condições”, sublinhou.

Por sua vez, Eurico Barros, que também partilha da mesma opinião, salientou que em termos económicos houve algumas evoluções com “muitos ganhos” e considerou ainda que muitos aspectos poderiam ser diferentes.

“Como é possível ao longo dos 50 anos [da independência] a ilha estar ainda numa penúria de transporte que é um factor fundamental para o desenvolvimento do município. Este concelho sofreu e continua a sofrer por causa deste aspecto”, questionou.

No que tange o sector da saúde, o munícipe disse que houve uma evolução e que nos últimos 10 anos a delegacia recebeu novos médicos, que têm dado resposta às demandas da ilha.

“Nós não temos um hospital com condições suficientes e ficamos a depender sempre da ilha do Fogo e isso é constrangedor, falam da região Fogo e Brava, no entanto é apenas a ilha vizinha que fica beneficiada, porque quanto houver uma consulta específica temos que lá ir e as nossas economias ficam por lá e com isso a Brava está a perder”, disse.

Para Eurico Barros, a Brava é uma ilha que é “bastante discriminada” pelos políticos, tanto é que, exemplificou, o Presidente da República visita a ilha somente para prestar solidariedade quando acontece uma catástrofe.

“O actual PR já está em final de mandato, mas até ao momento não fez sequer uma visita oficial à nossa ilha, pois penso que o mesmo não gosta da nossa terra”, considerou.

Para celebrar o 50.º ano da Independência, estão agendadas diversas actividades culturais que terão início a partir desta sexta-feira, promovidas pela autarquia.

DM/ZS

Inforpress/Fim

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