
Cidade da Praia, 30 Out (Inforpress) – A conselheira presidencial e activista guineense nos direitos da mulher e da criança, Fatumalta Baldé, afirmou hoje que a Guiné-Bissau tem registado “grandes avanços” no domínio da Mutilação Genital Feminina (MGF), nomeadamente a nível da legislação.
Fatumalta Baldé falava à imprensa, na cidade da Praia, à margem da sua participação no workshop “Fortalecer para Proteger: prevenção de práticas que afectam a saúde, os direitos e a integridade das pessoas”.
“A experiência do nosso trabalho na Guiné-Bissau levou-nos a conseguir grandes resultados a nível de uma legislação relativamente à prática e a desmistificação de que essa prática seja de uma obrigatoriedade ou recomendação islâmica”, realçou a activista.
Fatumalta Baldé destacou que, no trabalho de sensibilização desenvolvido, foi possível reunir, em 2013, na Assembleia Nacional Popular, mais de 200 imãs, professores corânicos e chefes religiosos a declarar publicamente que a MGF não é uma recomendação religiosa.
Este passo, segundo a conselheira do Presidente da República da Guiné-Bissau, foi crucial para desmistificar a ideia de que a prática é feita com consentimento da religião islâmica.
A activista dos direitos da mulher e da criança atribuiu os avanços conseguidos ao envolvimento transversal de profissionais da saúde, da educação, organizações da sociedade civil e do sector da justiça.
Questionada sobre a prevalência da MGF na sociedade guineense, Fatumalta Baldé avançou que se trata de uma prática sociocultural secular que foi por muito tempo considerada "tabu".
“Hoje em dia a camada juvenil, todos estão a dizer não à prática e tudo graças à importância do envolvimento do sector da educação”, disse, anotando que as mulheres mais novas, que recebem informação nas consultas pré-natais e no planeamento familiar, têm vindo a ganhar conhecimento e a reconhecer que a prática é nefasta e tem consequências prejudiciais à saúde.
A activista concluiu manifestando o interesse em levar para a Guiné-Bissau algumas das experiências de Cabo Verde no domínio da violência baseada no género, para partilhar, trabalhar e conseguir avanços no seu país.
PC/CP
Inforpress/Fim
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