
Cidade da Praia, 16 Dez (Inforpress) – Os Chefes de Estado e de Governo da CPLP decidiram hoje, por unanimidade, escolher Timor-Leste para a presidência em exercício da organização, decidindo enviar à Guiné-Bissau uma missão de alto nível, visando as condições para o futuro deste país.
Essa missão, segundo o ministro dos Negócios estrangeiros, Cooperação e Integração Regional, José Luís Livramento, é presidida pelo Presidente de Timor-Leste, José Ramos Horta, que a partir de hoje preside aos destinos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), tendo em conta que a Guiné-Bissau que vinha assumindo este cargo foi suspensa da organização, na sequência do golpe de Estado de 26 de Novembro.
Esta conferência extraordinária da CPLP, em que participou o Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, que se fez acompanhar do chefe da diplomacia cabo-verdiana, decorreu em formato virtual.
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, que falou à imprensa no final da cimeira, os representantes da CPLP condenaram com “veemência” a interrupção do processo eleitoral na sequência da situação política e institucional que ocorreu após o golpe de Estado na Guiné-Bissau.
Avançou ainda que os líderes da CPLP instaram a “retoma urgente” da ordem constitucional e a reconciliação nacional, “visando a paz, a estabilidade e o desenvolvimento” da Guiné-Bissau.
Os Chefes de Estado e de Governo exigiram, por outro lado, a libertação “imediata e incondicional” de todas as pessoas detidas no contexto da actual crise política, incluindo a “prova de vida sobre os detidos”.
Manifestaram também, acrescentou José Luís Livramento, a sua solidariedade para com o povo da Guiné-Bissau, assim como a disponibilidade da CPLP para, de forma concertada, fazer todos os esforços para o restabelecimento da normalidade institucional.
A Cimeira, revelou o porta-voz da parte cabo-verdiana, decidiu pela suspensão da participação da República da Guiné-Bissau em todas as actividades da CPLP, até à retoma da ordem constitucional.
Instado sobre os critérios que levaram à escolha de Timor-Leste para presidir à CPLP, José Luís Livramento esclareceu que a escolha se deveu ao facto de o Brasil e a Guiné Equatorial estarem na disputa da próxima presidência, tendo em conta que dentro de meses a Guiné-Bissau iria terminar o mandato.
“Esses dois [Brasil e Guiné Equatorial], à partida, não poderiam ser interinamente indicados como, digamos, presidentes interinos da organização”, afirmou José Luís Livramento, acrescentando que Timor-Leste já tinha tido a presidência da organização.
A Guiné-Bissau está suspensa da CEDEAO, assim como de outra organização regional, a União Africana, consequência do golpe de Estado em 26 de Novembro, quando um Alto Comando Militar tomou o poder, destituiu o Presidente Umaro Sissoco Embaló, que deixou o país, e suspendeu o processo eleitoral.
As eleições gerais, presidenciais e legislativas, tinham decorrido sem incidentes, mas na véspera da divulgação dos resultados oficiais, um tiroteio em Bissau antecedeu a tomada do poder pelo Alto Comando Militar que nomeou o Presidente de transição, o general Horta Inta-A.
O general anunciou que o período de transição terá a duração máxima de um ano e nomeou como primeiro-ministro e ministro das Finanças Ilídio Vieira Té, antigo ministro de Embaló.
Um novo Governo de transição foi, entretanto, empossado, com nomes do executivo deposto e cinco militares entre os 23 ministros e cinco secretários de Estado.
A tomada de poder pelos militares está a ser denunciada pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.
LC/ZS
Inforpress/Fim
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