Ilha do Sal: ICCA alerta para riscos do turismo na infância e pede urgência na protecção

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Ilha do Sal: ICCA alerta para riscos do turismo na infância e pede urgência na protecção
16/12/25 - 05:58 pm

Espargos, 16 Dez (Inforpress) – A presidente do Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA), Zaida Freitas, alertou hoje na ilha do Sal para os riscos sociais que o turismo, embora vital para o desenvolvimento económico, pode acarretar para a infância.

A intervenção ocorreu durante a cerimónia de abertura do Centro Nôs Kaza, um novo espaço de acolhimento e apoio psicossocial em Santa Maria.

O Centro Nôs Kaza, financiado pelo Fundo Mais e com o apoio de parceiros como a Organização Internacional do Trabalho (OIT), é visto pela presidente do ICCA como uma resposta essencial para proteger as crianças e mantê-las "fora da rua", uma preocupação agravada pelo contexto turístico da ilha.

Zaida Freitas revelou dados preocupantes sobre a situação no Sal.

“Foram identificadas cerca de 80 crianças em Santa Maria que se encontram em situação de rua. São crianças que, na sua maioria, não vivem na rua, mas que têm uma família, que têm um lar para voltar, mas que passam muito tempo na rua”, explicou.

O perigo, conforme a mesma fonte, reside no facto de que, quanto mais tempo estas crianças passam na rua, um ambiente com “muitos apelativos” numa ilha turística, mais o vínculo familiar se desvanece.

A “urgência” da acção visa evitar a ruptura total desses laços, que, embora existentes, estão fragilizados.

A presidente do ICCA notou que, muitas vezes, a presença prolongada na rua não se deve à carência de bens básicos, mas sim à busca por satisfazer vícios, com a iniciação precoce no consumo de álcool e outras drogas a ser uma preocupação crescente.

Em resposta a este problema, a presidente do ICCA relançou a campanha "para não dar dinheiro às crianças na rua".

Zaida Freitas reconheceu que, especialmente na época natalícia, o impulso de generosidade é forte, mas sublinhou as consequências negativas deste gesto.

“Este gesto que há partida é um gesto de generosidade, tem consequências negativas na vida dessas crianças e adolescentes, levando com que permaneçam mais tempo na rua”, apelou.

O apelo é para que, em caso de necessidade de ajuda para uma criança, a comunidade contacte as instituições competentes, o ICCA, a Câmara Municipal ou a Polícia Nacional, que estão preparadas para avaliar e dar o apoio necessário, em vez de reforçar um ciclo que as mantém na rua.

Aquela presidente institucional alertou que o estar na rua expõe estas crianças a riscos graves, como violência, conflitos, delinquência, consumo de substâncias e, "a pior forma de violência", o abuso e exploração sexual.

O Centro Nôs Kaza terá um papel “crucial” no combate a este cenário. 

O centro prevê acolher cerca de 50 crianças e adolescentes em períodos diário, oferecendo um leque diversificado de actividades que incluem, acompanhamento escolar, actividades de informática e multimédia, refeição quente, trabalho de competências pessoais, sociais e emocionais, incluindo autoproteção e prevenção contra o consumo de álcool e drogas.

O Centro surge como uma resposta estruturada às lacunas das famílias que, por diversas razões, são "disfuncionais".

NA/ZS

Inforpress/Fim

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