Futebol/Fogo: Botafogo e a ilha de luto pela morte de Djudjuca (c/áudio)

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Futebol/Fogo: Botafogo e a ilha de luto pela morte de Djudjuca (c/áudio)
16/09/24 - 10:52 am

São Filipe, 16 Set (Inforpress) – O Botafogo e a ilha do Fogo estão de luto com o falecimento, na noite de domingo, de João Manuel “Djudjuca”, o único guarda-redes da ilha que ostenta o título de campeão nacional de futebol.

Djudjuca, que estava hospitalizado no Hospital Universitário Dr. Agostinho Neto, para onde foi transferido há alguns meses, faleceu na residência do filho na cidade da Praia, vítima de doença prolongada, segundo amigos e dirigentes do Botafogo.

O antigo presidente do Botafogo Futebol Clube, Manuel Anatólio Fonseca, numa primeira reação à morte de “Djudjuca” disse que ele era “um verdadeiro ícone do futebol local e um símbolo do Botafogo” e que deixa um legado marcante tanto dentro quanto fora dos campos.

Djudjuca iniciou sua trajetória no Botafogo em 1974, com apenas 15 anos, ingressando na equipe júnior. Sua estreia aconteceu em Novembro de 1976, no jogo inaugural do campo de Ribeira do Ilhéu (Mosteiros), onde actuou como lateral esquerdo.

Com a saída de Piduca para a Praia em 1977, segundo a mesma fonte, Djudjuca assumiu a posição de suplente de guarda-redes, mas em 1978, dada a sua qualidade e com apoio de Rolando Lima Barber “Zuca” tornou-se o guarda-redes titular do Botafogo e conquistou cinco campeonatos regionais consecutivos.

Djudjuca ajudou a conduzir o Botafogo a, pelo menos, três finais do campeonato nacionais, em 1978/79, que não se realizou porque o estádio da Várzea ficou alagado, 1979/80 em que foi campeão nacional no estádio de Fontinha (São Vicente) frente ao Mindelense e 1980/81 em que foi derrotado na final, no estádio da Várzea (Praia) pelo Mindelense, e é único guarda-redes da Ilha do Fogo a ostentar o título de campeão nacional.

Além de seu sucesso com o Botafogo, Djudjuca também brilhou na ilha Brava e em 1982 foi campeão pelo Morabeza e finalista da primeira edição da Taça de Cabo Verde.

Sua carreira na ilha Brava se estendeu de 1982 a 1993 como jogador de Morabeza, e, posteriormente, como treinador da Morabeza e da selecção da Brava.

Fora de campo Djudjuca serviu como funcionário da câmara da Brava de 1982 até 2016 e retornou à ilha do Fogo em 2018 e continuou envolvido com o seu clube de “coração” Botafogo como director desportivo.

Com mais de 30 anos como sócio do Botafogo, Djudjuca exerceu a função de director desportivo até sua morte e, segundo Manuel Anatólio Fonseca, mesmo durante o período em que esteve hospitalizado continuava a se envolver com o clube, oferecendo conselhos e mostrando seu amor inabalável pelo Botafogo mobilizando materiais desportivos, amigos para a causa do Botafogo.

“O impacto de Djudjuca no futebol do Fogo é inegável. Seu falecimento deixa um vazio enorme, mas sua memória e contribuições para o desporto (futebol) serão sempre lembradas”, disse Manuel Anatólio Fonseca, que sublinhou que o Botafogo e toda a comunidade desportiva da ilha estão de luto.

O Botafogo está a preparar, para em caso da transladação do seu corpo para a ilha do Fogo, prestar-lhe uma homenagem merecida a um “verdadeiro herói” cujo legado continuará a inspirar futuras gerações de jogadores.

A mesma fonte avançou que o Botafogo não esperava que a ida de Djudjuca para a cidade da Praia seria o seu fim e que o clube em altura própria prestará um tributo a Djudjuca à dimensão de suas conquistas e dedicação.

O professor Fausto do Rosário, amigo e contemporâneo de Djudjuca, através da sua página nas redes sociais dedicou algumas palavras ao mesmo e escreveu que “deixou-nos, depois de anos de muito sofrimento, um homem bom, simples, de coração de criança, amigo de todos...”.

“Da nossa geração, de onde emergiu o núcleo fundador do Botafogo, onde, de pouco dotado jogador suplente a central/lateral, em pleno campeonato nacional (o 1°. em 1977) foi, de emergência parar a baliza, em pleno Estádio da Várzea, para ali ficar para sempre, lenda e glória do Morabeza e do Botafogo, pelo qual se sagrou campeão nacional em 1980...” destacou Fausto do Rosário.

Por outro lado, Fausto do Rosário salientou que Djudjuca foi um dos responsáveis pelo grupo de irreverentes, passar a chamar-se "Os Compadres", um outro episódio que, segundo o mesmo, todos recordam com saudade dos tempos em que a amizade falava mais alto.

JR/CP

Inforpress/Fim

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