Fogo: Paciente aguarda há cinco anos pela marcação de consultas de especialidades no Hospital Agostinho Neto

São Filipe, 24 Mai (Inforpress) – Henriqueta Mendes Cardoso, uma paciente da ilha do Fogo que diz aguardar há, pelo menos, cinco anos pela marcação de consultas de especialidades no Hospital Universitário Dr. Agostinho Neto, na Praia, mostra-se “revoltada e agastada” com a demora.

Depois de insistir junto da Delegacia de Saúde de São Filipe, que tem a incumbência de juntamente com a central de consultas no Hospital Agostinho Neto e de ter “batido” à porta da delegação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) sem sucesso a paciente Henriqueta Cardoso procurou a comunicação social para denunciar a situação.

Em declarações à Inforpress, a paciente disse que em 19 de Agosto de 2019, há sensivelmente cinco anos, deu entrada na Delegacia de Saúde de São Filipe, depois de ter sido atendida por um médico do Hospital Regional São Francisco de Assis ao pedido de marcação de consulta para realização de exame de endoscopia digestiva alta.

Passados três anos, em 15 de Março de 2022, há mais de dois anos, devido à pressão exercida junto da delegacia foi lhe solicitada novo pedido de marcação, mas até este momento ainda não há uma resposta sobre a data provável que poderá realizar os exames.

Além dos exames de endoscopia digestiva alta, a paciente aguarda desde 06 de Julho do ano passado pela marcação da consulta de neurocirurgia no Hospital Agostinho Neto.

Henriqueta Mendes Cardoso disse que frequentemente passa pela Delegacia de Saúde de São Filipe na tentativa de obter alguma informação sobre a marcação dos exames e consultas e que a resposta é sempre a mesma.

Segundo a mesma, o pessoal da delegacia tem estado a telefonar e a enviar emails para a central de consultas, mas nunca tem a resposta, sublinhando que o atraso de cinco anos é de todo “incompreensível” quando se trata de questões de saúde.

A paciente atribui a culpa à central de consultas, porque, explicou nas várias vezes que passou pela Delegacia de Saúde os técnicos têm tentado contactar a central mas sem sucesso, indicando que no passado mês de Abril (15 de Abril) o documento foi reenviado a solicitar algum démarche e ainda não há uma resposta.

A paciente, que se mostra “desesperada”, já contactou a própria delegação do INPS em São Filipe na tentativa de acelerar o processo, mas este serviço indicou que não tem quaisquer responsabilidades na marcação de consultas.

O problema de marcação de consultas de especialidades que não existem no Hospital Regional São Francisco de Assis é uma constante e há pessoas que aguardam há dois anos e outras que inclusive faleceram antes da própria marcação e consequente realização de consultas.

“Esperar cinco anos para a marcação de uma consulta é demasiado”, disse Henriqueta Mendes Cardoso, acrescentando que há várias situações mas que as pessoas têm “medo” de denunciar.

Uma fonte da Delegacia de Saúde admitiu algum atraso na marcação das consultas, assim como alguma falta de articulação entre a Central de Consultas e as delegacias.

O pedido de marcação, segundo a mesma fonte, é feito por email e às vezes a pessoa que está na central poderá “esquecer de colocar o pedido no sistema”, salientando que além de envio do pedido também faz-se contacto telefónico para reconfirmar.

JR/ZS

Inforpress/Fim