
Cidade da Praia, 25 Out (Inforpress) – A saída crescente de jovens qualificados de Cabo Verde tem gerado preocupação entre empreendedores e agentes económicos, que alertaram hoje para o impacto negativo desse fenómeno no mercado nacional e na sustentabilidade dos pequenos negócios.
A coordenadora do projecto UJAMAA Business Network, Lenise Vaz, que hoje realizou a terceira edição do fórum “Gerasom di Miliom”, na cidade da Praia, afirmou que a emigração de jovens profissionais está a afectar directamente vários sectores, sobretudo os que dependem de mão-de-obra técnica.
“Na minha área, por exemplo, que é a engenharia civil, tem havido uma saída significativa de jovens. Isso deixa falhas graves no mercado e afecta o funcionamento das empresas, porque são elas que garantem a força de trabalho e a inovação”, lamentou.
Segundo a responsável, a falta de oportunidades, a dificuldade de acesso ao crédito e a instabilidade financeira levam muitos jovens a procurar melhores condições noutros países, principalmente em Portugal.
“Não basta formar. É preciso criar condições para aplicar o que se aprende. Muitos jovens têm boas formações, mas não encontram espaço para pôr em prática e acabam por emigrar”, sublinhou.
Para Lenise Vaz, este êxodo de talentos compromete não só o crescimento das empresas locais, mas também, a dinâmica do próprio ecossistema empreendedor, que perde criatividade, mão de obra e capacidade de renovação.
“Nós também somos consumidores. Se os jovens saem, as empresas perdem público e mercado. É uma reacção em cadeia que afecta toda a economia”, frisou.
Durante o fórum, que este ano decorre sob o tema “Saúde mental dos empreendedores – cuidar da mente para sustentar o sucesso”, os participantes discutiram estratégias para reter talentos e motivar os jovens a investir em Cabo Verde, destacando exemplos de empreendedores que regressaram do exterior para abrir os seus negócios no país.
“Há casos de jovens que voltaram e estão a conseguir viver bem dos seus projectos aqui. Cabo Verde tem mercado, tem potencial. É preciso mostrar isso e criar incentivos reais para que fiquem”, concluiu Lenise Vaz.
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Inforpress/Fim
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