***Por: Lucilene Fernandes Salomão, da Agência Inforpress***
Ribeira Grande, 25 Mai (Inforpress) – Os imigrantes senegalês e guineenses, Assane Gomez, conhecido por Star, Chérie Boubacar e Abdoulaye Barry, respectivamente, têm em comum uma historia de sucesso no ramo dos negócios que implementaram após fixarem residência em Santo Antão.
O senegalês Star Gomez, 33 anos, contou à Inforpress que a pedido do irmão, que é alfaiate, viajou para Cabo Verde para o ajudar no seu atelier de costura que tinha montado na Ribeira Grande, Santo Antão.
Após algum tempo trabalhando com o irmão, Star Gomez disse que resolveu montar o seu próprio atelier de costura, tendo em conta que, no seu país, se formou em alfaiataria.
“No início não foi fácil, porque muitos clientes procuravam os meus serviços para estreitar roupas e não era isso que eu queria fazer. Queria confeccionar as minhas próprias roupas”, disse.
Um tempo depois, o senegalês salientou que fez um vestido com tecidos africanos e ofereceu a uma cliente e nisso, de “boca em boca”, começou a ganhar alguma clientela.
A mesma fonte disse que começou a ir às escolas secundárias falar com os alunos finalistas que sempre organizam concursos de ‘miss’ e oferecia a cada miss uma roupa feita por ele.
“O negocio começou a prosperar, cada vez mais ganhava novos clientes, alguns com os seus modelos de roupa e a outras eu é que propunha. Como dizem aqui em Santo Antão, caí no gosto dos clientes. Hoje através das minhas páginas nas redes sociais tenho também uma boa clientela, nomeadamente, imigrantes cabo-verdianos a quem envio roupas para a Holanda, Portugal e Luxemburgo”, salientou.
Outrossim, Star Gomez falou ainda da obtenção da sua autorização de residência que, na sua opinião, foi “excepcional” em relação a outros conterrâneos.
E neste sentido, aproveitou para apelar às autoridades para serem mais “flexíveis” no processo porque, segundo Star Gomez, mesmo entregando todos os documentos que lhes são pedidos, demoram muito para darem o parecem favorável ou não.
Questionado se já sofreu algum tipo de racismo em Cabo Verde, Star Gomez afirmou que “sim”, mas disse reconhecer que nem todos os cabo-verdianos são iguais.
“Nos transportes públicos quando entramos algumas pessoas nos encaram com medo, não sei porquê. Já vi uma criança a mandar o meu conterrâneo calar a boca e chamá-lo "manjaco" por ser preto. Enfim são situações que nos entristecem, mas, como disse, nem todos os cabo-verdianos são racistas”, acentuou.
A história do guineense Chérie Boubacar, 54 anos, em Cabo Verde começou em 2001.
Depois de alguns meses a residir na capital do país, Chérie Boubacar disse que decidiu viajar para Santo Antão, para ver como as coisas andavam.
“No início comecei a vender de porta em porta e gostei, tanto é que voltei ao meu país e, logo em 2002, fixei residência em Santo Antão. Lutei muito até conseguir montar a minha boutique onde vendo roupas, sapatos e outros acessórios”, explicou.
Chérie Boubacar acentuou que não foi difícil integrar-se na Ribeira Grande e em 2012 conseguiu a sua nacionalidade cabo-verdiana.
“Não tenho ideias de regressar para ficar no meu país. Gosto de Cabo Verde e da tranquilidade de Santo Antão. Tenho oportunidade de viajar para outros países mais desenvolvidos do que Cabo Verde, mas não tenho intenção de ir, por enquanto, e quero ficar aqui”, alegou.
Sobre discriminação Chérie Boubacar enfatizou que o mesmo existe em todos os países do mundo e, “infelizmente”, estando longe de casa, há que “aguentar” algumas coisas.
Abdoulaye Barry, 44 anos, também veio da Guiné. Segundo o mesmo, a ideia não era ficar em Cabo Verde pois tinha o sonho de “tentar” a sorte na Europa.
“Não deu e tinha de trabalhar para poder sustentar-me. Comecei a vender de forma informal, "bonito e barato", nas ruas. Viajava para o meu país e também ao Senegal, trazia mercadorias até que consegui montar a minha boutique”, disse.
Segundo Abdoulaye Barry a vida seguiu, formou família e já não pensa sair de Cabo Verde.
São histórias de três africanos, vindos do continente, que conseguiram ultrapassar dificuldades iniciais, trabalharam afincadamente e são, hoje, exemplos de “continentais” de sucesso em Cabo Verde.
LFS/HF
Inforpress/Fim
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