Cidade da Praia, 14 Mar (Inforpress) - Mais informação sobre os produtos e melhoria no atendimento e acesso constituem alguns dos problemas apontados por consumidores praienses quando têm que se dirigir aos estabelecimentos comerciais ou instituições à procura de serviços ou bens de consumo.
Estes apelos foram feitos em entrevista à Inforpress, a propósito do Dia Internacional do Consumidor, assinalado anualmente a 15 de Março.
Na opinião de Francisco Varela, alguns direitos dos consumidores são respeitados e outros como a não colocação dos preços nos produtos expostos nas prateleiras têm criado situações de constrangimento aos clientes, que, muitas vezes ,só depois de chegarem às caixas para efectuarem o pagamento é que dão conta que o preço não é o mesmo.
Katy Antunes, por sua vez, criticou o elevado aumento dos preços dos produtos, além de reclamar do atendimento.
“O atendimento também não é muito bom, porque muitas vezes encontra-se pessoas estressadas que não dão tratamento adequado aos clientes”, reforçou.
Já Paulita Tavares afirmou que Cabo Verde deixa muito a desejar em termos de direitos dos consumidores, principalmente nas lojas chinesas, que “tratam mal os clientes e não fazem a devolução do dinheiro, preferindo fazer trocas de produtos quando estes não satisfazem o cliente”.
“Não se encontram preços em todos os produtos (…) e tudo isso é constrangedor”, lamentou.
Ouvido também pela Inforpress, o presidente da Associação de Pessoas com Deficiência Visual (Adevic), Marciano Monteiro, salientou o facto de estes problemas serem maiores quando se trata de pessoas com deficiência, que enfrentam muitas “lacunas num mundo moderno em que se encontra”.
De entre os principais problemas, destacou a falta de acessibilidade ao se dirigirem às instituições e estabelecimentos comerciais, e a falta de adaptação de informações contidas nos produtos que seja em braille, o que faz com que correm risco, particularmente, tratando-se de deficientes visuais, de comprarem produtos próximos de vencer prazos de validade.
“Também, o grande problema que temos perante isso é saber que produtos estamos a consumir. Por exemplo, podemos chegar numa caixa de leite e de sumo, mas eventualmente temos dificuldades de diferenciar estes dois produtos. No entanto, a lei do consumidor diz que todo o cidadão deve saber o que consome, e se está no prazo ou não”, criticou.
No caso de bancos, Marciano Monteiro exemplificou que enquanto o cliente não tem acesso autonomamente à sua conta, o que confessou, não lhe dá satisfação de estar a movimentá-la à vontade.
Sugeriu, por isso, a aposta em sites acessíveis para pessoas com deficiência, com softwares falantes que vão permitir maior liberdade e autonomia ao entrarem nas suas contas, observando que tem colegas em outros países que conseguem movimentar sem quaisquer entraves às suas contas bancárias.
“Então consideramos que isso é uma violação de um direito do consumidor porque não é obrigatório que haja alguém que assine uma conta que não é sua”, considerou.
“É preciso mais atenção e nós, enquanto Adevic, tivemos um financiamento de um projecto da União Europeia que consistia em executar uma acção de sensibilização a nível nacional para empresas, fornecedores, investidores de bens e serviços para adequarem os seus serviços às necessidades de pessoas com deficiência no seu todo”, acrescentou.
Entretanto, lamentou que muito pouca coisa foi feita no âmbito desse projecto que terminou em 2016.
Também a presidente da Associação Cabo-verdiana de Promoção e Inclusão das Mulheres com Deficiência (Apimud), Eurídice Andrade, lamentou estes constrangimentos, particularmente enfrentados pelas pessoas com deficiência.
“É preciso que lojistas e empresários disponibilizem informações em braille e também que haja atendedores capacitados para atendimento às pessoas com deficiência. Porque há algumas lojas sem acesso a “cadeirantes” que muitas vezes recorrem a ajuda das pessoas, e isso nem sempre garante o que realmente esses consumidores querem adquirir”, afirmou.
A seu ver, o atendimento tem que ser melhorado não só para pessoas com deficiência, mas para todos, tendo pedido especial atenção também às pessoas com deficiência auditiva, sobretudo no que tange ao atendimento.
O Dia do Consumidor é comemorado anualmente no dia 15 de Março para lembrar todos os indivíduos da importância de seus direitos como consumidores, bem como das práticas de consumo consciente.
A escolha da data deve-se ao discurso histórico de John F. Kennedy em 1962, que pela primeira vez reconheceu formalmente os direitos do consumidor ao salientar a importância de serem protegidos contra fraudes, de ter acesso a informações para fazer escolhas informadas e de ser ouvido pelas entidades governamentais e corporativas.
ET/CP
Inforpress/Fim
Partilhar