Mindelo, 31 Mai (Inforpress) – A Comissão Ad-hoc Mais São Vicente, constituída por elementos da sociedade civil para estimular medidas a favor da ilha, incitou hoje as autoridades a tomarem medidas para preservação da orla marítima da Laginha e Matiota.
Essas duas zonas foram objecto de um seminário realizado hoje, no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Vicente, e que está enquadrado num conjunto de actividades do tipo para debater toda a orla marítima da ilha.
Segundo José Lopes Graça, membro da comissão ad-hoc, Laginha e Matiota representam a sétima zona da extensão marítima, que vai desde Ponta João Ribeiro, em Chã de Alecrim, até Morro Branco, em Lazareto.
“Portanto, a orla é importante, tem valor económico, turístico e ambiental e trata-se de valores extremamente caros para uma ilha como São Vicente. Esta zona da Laginha e Matiota são zonas balneárias por excelência, mas também de valor turístico, hoteleiro”, considerou a mesma fonte.
Especificando, Lopes da Graça acredita que estão a ser adoptadas algumas medidas que podem pôr em causa a fauna e a flora marítima ali existente, entre estas da Enseada de Coral da Laginha, e apontou perigos apresentados por empresas como os Estaleiros Navais da Cabnave e a dessalinizadora da Empresa Pública de Produção e Distribuição de Água e Electricidade (Electra).
Daí, que, conforme a mesma fonte, a comissão defende a deslocação dessas instalações para outros locais e medidas no sentido de se desviar também as águas provisórias e de enxurradas que normalmente vão desembocar na Laginha.
Da parte da câmara municipal, o vereador do pelouro do Património, Rodrigo Martins, também admitiu que a questão da deslocação das indústrias foi tida em conta na altura da elaboração do Plano Director Municipal (PDM).
“Sabemos que não vai ser para hoje, são questões que envolvem muitos recursos, mas é sempre bom equacionar e, digamos, com uma participação muito forte da sociedade civil também, das pessoas, de investigadores, das universidades, para definirmos os melhores caminhos futuros para a nossa ilha”, sustentou.
Questionado sobre a aventada deslocação das infra-estruturas para Saragarça, apontada aquando da criação da Zona Económica Especial Marítima de São Vicente (ZEEM-SV), Rodrigo Martins afiançou ser um assunto que ainda está a ser equacionado, mas não há decisão definitiva.
Entretanto, em defesa da zona da Matiota, António Pedro Silva, que participou do seminário como palestrante, lamentou o atraso de mais de dois anos para recuperação, por exemplo, do tanquinho e trampolim e devolução à sociedade deste espaço, que têm uma “dimensão histórica, social e mesmo económica”.
“É lamentável o atraso com que o processo está a decorrer. Uma pequena obra que no tempo do Henrique Teixeira de Sousa, quando presidente de câmara, nos anos 60, poderia ser feita em três meses, já está para dois ou três anos”, criticou a mesma fonte, para quem é “inaceitável” esse tipo de comportamento.
A Comissão Adhoc Mais São Vicente foi criada em Março de 2023 por um grupo de académicos e profissionais com o objectivo de envolver a sociedade civil, universidades, empresas e decisores num debate em torno de questões relevantes para ilha, com enfoque na sua orla marítima.
Tem programado até 15 de Julho diversos seminários do tipo para debater diferentes nuances relacionadas com a orla.
LN/AA
Inforpress/Fim
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