Cidade Velha: Moradores do Património Mundial ameaçam sair às ruas numa “revolução”

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Cidade Velha: Moradores do Património Mundial ameaçam sair às ruas numa “revolução”
18/07/24 - 10:14 pm

Cidade da Praia, 18 Jul. (Inforpress) - O guia turístico Joel Almeida, da Cidade Velha, disse hoje que os jovens da Ribeira Grande de Santiago vão manifestar-se nos próximos tempos em tom “revolucionário” para reivindicar oportunidades para os moradores do Património Mundial.

À Inforpress, este guia turístico a prestar serviços na Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago disse que este descontentamento é generalizado no seio da população, sobretudo dos jovens das várias localidades que constituem o município limítrofe da Cidade da Praia.

No rol das suas insatisfações frisou que a juventude se sente discriminada pelo Instituto do Património Cultural (IPC), alegando que os moradores não conseguem tirar proveito do estatuto do Património Mundial da Humanidade nestes 15 anos da sua elevação pela UNESCO.

Disse que só a Fortaleza Real de São Filipe, situada em Achada Forte, factura uma média de seis mil contos anuais com a venda de bilhetes para entrada dos visitantes, mas que a população da Cidade Velha que, a seu ver, ficou privada, sobretudo para a construção ou remodelação das suas moradias, não vê qualquer contrapartida e muito menos investimentos do IPC.

“Nós não queremos o IPC na Cidade Velha”, revelou em tom de discórdia, opinião prontamente corroborada por uma conhecida atleta e nadadora da localidade, ao mesmo tempo que reivindicam uma oportunidade para os jovens do concelho explorarem a Fortaleza Real São Filipe.

Denunciam que a exploração do Forte Real São Filipe vai ser entregue, nos próximos dias, a uma equipa da Cidade da Praia, quando consideram que a Cidade Velha e o município têm jovens competentes e capacitados para as exigências deste tipo de trabalho.

Dos projectos propostos pelo IPC para a Cidade Velha, denunciaram, nada acontece na prática.

Perante este clima de descontentamento, a presidente do IPC, Samira Baessa, que também participou na Conversa Aberta promovida pelo Presidente da República, apesar de afirmar que “existem fóruns institucionais para a resolução do problema do tipo”, saiu em defesa da instituição.

Admitiu a existência de conflito de interesse entre a população que considera legítimo e que deve ser atendido e as instituições que defendem as regras para preservar este sítio histórico.

Disse que contrariamente à opinião das pessoas de que “o património mundial não trouxe nada à Cidade Velha”, o berço da cabo-verdianidade beneficiou de vários projectos como “um grande investimento que foi feito na recuperação do património construído e do parque habitacional da Cidade Velha e da paisagem urbana”.

Ainda assim concordou publicamente que as instituições falharam, em algum momento, nas suas abordagens com as populações para o esclarecimento das intervenções no Património, para a preservação deste legado, de todo o país, mas também para a criação das condições, de modo que as populações pudessem tirar benefícios económicos.

SR/JMV

Inforpress/Fim

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