Cidade da Praia, 17 Abr (Inforpress) – A Igreja Católica celebra hoje a Missa Crismal, uma das mais significativas cerimônias do calendário litúrgico, marcada pela renovação das promessas sacerdotais e consagração dos óleos que serão utilizados ao longo do ano na administração dos sacramentos.
O bispo da Diocese de Santiago, Cardeal Dom Arlindo Furtado, em declarações à Inforpress sobre as celebrações da Semana Santa, referiu que tudo teve início no último domingo com a Procissão de Ramos.
"Estamos a viver já desde o passado domingo com a procissão de Ramos, a celebração da entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém como rei de Israel e da humanidade, começamos a Semana Santa, Semana Maior que integra os momentos centrais da nossa história da salvação, chamado Mistério Pascal”, afirmou.
Dom Arlindo explicou que o Mistério Pascal se inicia na quinta-feira Santa com a Ceia do Senhor, celebração da instituição da Eucaristia, prolongando-se até à sexta-feira Santa, dia da condenação e morte de Jesus na cruz, culminando no domingo da Ressurreição.
Adiantou que na Diocese de Santiago, a Missa Crismal celebra-se na manhã de quinta-feira, como acontece em muitas outras dioceses, mas paroquiais onde há dificuldades logísticas, como é o caso da Diocese de Mindelo, a celebração foi antecipada para terça-feira, permitindo assim o regresso dos padres às suas paróquias a tempo da Ceia do Senhor.
Segundo disse, a Missa Crismal é o momento em que o bispo consagra o óleo do Crisma e benze todos os outros óleos que serão utilizados ao longo do ano na administração dos sacramentos em toda a diocese.
Já ao final do dia, celebra-se a Missa da Ceia do Senhor, em que se comemora, de uma forma explícita, directa e solene, a instituição da Eucaristia.
E segundo a tradição, foi neste dia que Jesus Cristo transformou o pão e o vinho no seu corpo e sangue e deu.
Durante essa celebração realiza-se ainda o gesto simbólico do Lava-Pés, um acto de profunda humildade e serviço, que ensina a todos a importância de servir o próximo com simplicidade, fraternidade e amor.
Na Sexta-feira Santa, a Igreja propõe a realização da Via Sacra, de preferência comunitária e pública, como forma de comunhão com Cristo, momento que é vivido com especial devoção e ajuda os fiéis a assumirem uma postura de fidelidade a Jesus, mesmo nas situações de perseguição ou sofrimento.
À tarde, celebra-se a Paixão do Senhor com a narração da paixão, segundo o Evangelho de São João, momento de adoração da cruz como sinal do amor de Deus pela humanidade, e expressa o reconhecimento do sacrifício de Cristo, o agradecimento por esse acto de salvação, e também a disponibilidade de cada fiel para assumir as cruzes da própria vida.
“A cruz, o sofrimento, a doença, as dificuldades e a pobreza não têm a última palavra. A última palavra é do amor vitorioso de Deus, que triunfa inclusive sobre a morte através da ressurreição”, afirmou o Cardeal Dom Arlindo Furtado.
Lembrou ainda que em algumas paróquias, realiza-se ainda o enterro do Senhor, embora esta prática seja hoje menos frequente. Trata-se de um ritual simbólico que relembra o sepultamento de Jesus, mas que, nas paróquias onde já não se celebra, não compromete o sentido espiritual e litúrgico da Sexta-feira Santa.
O Sábado Santo é vivido como um dia de silêncio e de recolhimento interior, é o tempo de acompanhar espiritualmente Jesus no túmulo, num clima de meditação e esperança.
Na madrugada de domingo, a Igreja celebra a ressurreição de Cristo com a solene Vigília Pascal, considerada a “Mãe de todas as Vigílias” e a celebração mais longa do ano litúrgico com várias leituras bíblicas que recordam a história da salvação, entre cânticos e orações de louvor a Deus pelas suas maravilhas.
A Vigília Pascal é a celebração da vitória de Cristo sobre o pecado, o mal e a morte, e é também uma ocasião para cada fiel se inserir nessa dinâmica de luta e de vitória com Cristo.
No Domingo de Páscoa, prossegue-se a celebração da ressurreição com entusiasmo e alegria com o culminar de toda a Semana Santa, marcada por um espírito de esperança e renovação na fé, onde se exalta a vida nova que Cristo oferece à humanidade.
AV/JMV
Inforpress/Fim
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