Uagadugu, 28 Jan (Inforpress) – Os regimes militares do Burkina Faso, do Mali e do Níger anunciaram hoje a sua retirada imediata da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), afirmando que se tornou uma ameaça para os Estados membros.
Os líderes das três nações do Sahel emitiram um comunicado dizendo que era uma “decisão soberana” deixar a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental “sem demora”.
Lutando contra a violência jihadista e a pobreza, os regimes têm mantido laços tensos com a CEDEAO desde que ocorreram golpes de estado no Níger, em Julho passado; no Burkina Faso, em 2022; e no Mali, em 2020.
Todos os três – membros fundadores do bloco em 1975 – foram suspensos da CEDEAO, com o Níger e o Mali a enfrentarem pesadas sanções, enquanto o bloco tentava pressionar pelo regresso antecipado dos governos civis com eleições.
Os três dizem que as sanções foram uma “postura irracional e inaceitável” numa altura em que os três “decidiram tomar o seu destino nas mãos” – uma referência aos golpes de estado que destituíram as administrações civis.
As três nações endureceram as suas posições nos últimos meses e uniram forças numa “Aliança dos Estados do Sahel”.
A declaração conjunta dos líderes acrescenta que a CEDEAO de 15 membros, “sob a influência de potências estrangeiras, traindo os seus princípios fundadores, tornou-se uma ameaça para os Estados-membros e os povos”.
Acusaram o grupo de não os ter ajudado a combater os jihadistas que invadiram o Mali a partir de 2012 e depois o Burkina e o Níger.
Mas a saída da CEDEAO poderá tornar o comércio mais difícil para os três países sem litoral, tornando os produtos mais caros, e também poderia ver a imposição de requisitos de visto para viagens.
Sob pressão dos regimes militares, a antiga potência colonial França removeu embaixadores e tropas, tendo a Rússia preenchido o vazio militar e politicamente.
A retirada do exército francês do Sahel – a região ao longo do deserto do Saara em toda a África – aumentou as preocupações sobre os conflitos que se espalham para o sul, para os estados do Golfo da Guiné, Gana, Togo, Benin e Costa do Marfim.
O primeiro-ministro nomeado pelo regime do Níger criticou, na quinta-feira, a CEDEAO por “má-fé” depois de o bloco ter evitado em grande parte uma reunião planeada em Niamey.
O Níger esperava uma oportunidade para dialogar sobre as diferenças com os estados colegas da CEDEAO, que rejeitou Niamey, impondo pesadas sanções económicas e financeiras na sequência do golpe militar que derrubou o presidente eleito Mohamed Bazoum.
Os líderes militares do Níger, confrontados com os elevados preços dos alimentos e a escassez de medicamentos, afirmaram que querem até três anos para uma transição de volta ao regime civil.
No Mali, os dirigentes do Coronel Assimi Goita comprometeram-se a realizar eleições em Fevereiro deste ano, mas isso foi agora adiado para uma data desconhecida.
O Burkina Faso, que não foi sujeito a sanções embora o capitão Ibrahim Traore tenha tomado o poder em Setembro de 2022, marcou eleições para este verão, mas afirma que a luta contra os insurgentes continua a ser a principal prioridade.
Inforpress/Lusa
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