Sal Rei, 24 Abr (Inforpress) – A Câmara Municipal da Boa Vista tem em curso uma semana da literatura com actividades diversificadas e um dos pontos altos ocorreu com o lançamento da segunda edição do livro "Filhas da Violência", da escritora Miriam Medina.
A iniciativa visa impulsionar o hábito da leitura, valorizar a produção literária e promover o debate sobre temas sociais relevantes na comunidade boa-vistense.
A coordenadora da Biblioteca Municipal, Ronilda Oliveira, em declarações à imprensa, sublinhou o compromisso contínuo da autarquia em dedicar o mês de Abril à celebração do livro, há já dois anos.
Ronilda Oliveira destacou a diversidade das actividades, desde de histórias para o público infantil em diversas localidades, com o objetivo de incentivar a ter acesso ao livro e a desenvolver também aptidão e gosto para a leitura, e agora a obra de Miriam Medina, direcionada a um público mais adulto.
Sobre a importância da obra lançada na noite de quarta-feira, 23, a mesma destacou a “sensibilidade e empenho” da autarquia em demonstrar a importância do livro e da biblioteca.
"E vimos hoje o poder do livro, da maneira como transforma pessoas, os livros dão vozes às pessoas vozes, livros partilham histórias que tocam e transformam as pessoas", sintetizou a mesma fonte.
A apresentadora de "Filhas da Violência", Rosinda Santos, que estudou Línguas e Literaturas Modernas, mencionou as estatísticas de violência e agressão sexual na Boa Vista, as quais apontam para “um crescimento”, já que houve 11 denuncias em 2023, 25 em 2024, e, no primeiro trimestre de 2025, já constam oito denúncias.
Noventa por cento (90%) os casos terminam em condenação.
Rosinda Santos deu um cunho pessoal à apresentação transformando o livro em “seu” também por ser uma vítima que hoje sente que tem a responsabilidade de falar sobre o assunto.
“Nos temos que falar desses assuntos para poder resolver essas questões, porque se não falarmos tudo permanece abafado (...) Tem que haver conhecimento para se ter acção”, afirmou Rosinda Santos.
A autora, Miriam Medina, expressou, por seu lado, gratidão pelo convite da câmara, que coincidiu com o Dia do Livro, do Autor e do Professor.
"Acho que foi uma feliz coincidência, justamente neste dia, com um tema tão sensível que é a violência contra crianças e adolescentes," afirmou a autora.
Medina partilhou a sua motivação para continuar a escrever sobre temas delicados, considerando-o uma "missão de vida" para trazer à luz "temas pertinentes e urgentes” que se deveria falar “sem tabu nenhum”.
Apelou às instituições a abraçarem esse trabalho científico social, que é realizado em campo, porque instituições sozinhas e nem o Estado “conseguem dar vazão a tudo”.
Durante a semana da literatura ainda vão ser promovidas conversas abertas e intimista com a autora e crianças e adolescentes no liceu, escolas e delegação do ICCA na ilha, e a Biblioteca Municipal vai acolher uma feira do livro até ao final do mês, com "um preço bem simbólico” e “acessível para todos” conforme anunciado.
MGL/AA
Inforpress/Fim
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