BCV prevê abrandamento económico de 5,5% em 2025 e de 5% em 2026

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BCV prevê abrandamento económico de 5,5% em 2025 e de 5% em 2026
12/05/25 - 02:49 pm

Cidade da Praia, 12 Mai (Inforpress) – O Banco de Cabo Verde (BCV) projecta um abrandamento económico de 5,5% em 2025 e de 5% para 2026, revendo em alta a inflacção, perante um contexto global marcado por “fortes incertezas e elevada complexidade”.

Os dados constam do Relatório de Política Monetária (RPM) apresentado hoje pelo governador do BCV, Óscar Santos, que adiantou que o ambiente externo actual, influenciado por tensões geopolíticas e comerciais, têm travado o dinamismo do crescimento económico global.

“Tendo em conta esse ambiente de elevada incerteza e complexo, as perspectivas actualizadas do Banco de Cabo Verde reflectem um abrandamento da economia para 2025 para 5,5% e 5% em 2026, reflectindo sobretudo o abrandamento das exportações de serviços e o aumento das importações”, afirmou.

Esta evolução decorre, sobretudo, da desaceleração das exportações de serviços, com destaque para o turismo, e do aumento das importações.

Apesar do abrandamento, o consumo privado continuará a ser o principal motor da economia, já que o investimento, embora com alguma recuperação, manterá um contributo modesto.

O banco central também reviu em alta as previsões de inflação, prevendo uma taxa de 1,8% para 2025 e 1,4% para 2026, ambos os valores permanecem abaixo do limiar de 2%, referência para a estabilidade dos preços, mantendo-se, por isso, dentro de um intervalo considerado confortável pelo BCV.

Relativamente às contas externas, apesar de uma evolução menos favorável, o saldo da balança corrente deverá manter-se positivo, com excedentes de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 e 2,6% em 2026.

Estes valores reflectem a moderação esperada nas receitas provenientes do turismo, dos transportes e das remessas dos emigrantes, ainda assim, estima-se que o nível de reservas internacionais cubra cerca de 6,3 meses de importações em 2025.

No plano da política monetária, assegurou que o BCV decidiu manter inalteradas as principais taxas de juro, prosseguindo com a normalização iniciada em Maio de 2023 e a única alteração incidiu sobre a taxa da facilidade permanente de absorção de liquidez, usada pelos bancos para depósitos ‘overnight’ no banco central.

O objectivo desta medida, segundo o governador, é alinhar essa taxa com a taxa de depósito do Banco Central Europeu (BCE), desincentivando a colocação de fundos no exterior e promovendo maior dinamismo no mercado interbancário nacional.

Apesar do ajustamento, o BCV garante que a medida não implicará um agravamento das taxas de juro aplicadas a empréstimos concedidos a famílias e empresas, já que se aplica exclusivamente às operações interbancárias de curtíssimo prazo.

Face à persistência da incerteza global, agravada por factores como o conflito comercial entre a China e os Estados Unidos, cuja trégua é temporária, o BCV afirma estar atento e preparado para actuar sempre que necessário, garantindo a defesa da estabilidade macroeconómica e do regime cambial do país.

Segundo Óscar Santos, a conjuntura actual tem levado à revisão em baixa do PIB de várias economias, em especial das economias avançadas, principais parceiras de Cabo Verde, como a União Europeia.

AV/CP

Inforpress/Fim

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