
Cidade da Praia, 06 Nov (Inforpress) – A economia cabo-verdiana registou um crescimento de 4,9% em volume no primeiro semestre de 2025, refletindo o abrandamento da procura turística externa, a perda de rendimento real das famílias e a baixa confiança dos consumidores, segundo o BCV.
De acordo com a nota enviada à Inforpress, a taxa de inflação média anual aumentou para 2,1% em Agosto de 2025, impulsionada pela subida dos preços de importação, associada ao aumento dos custos de fretes e dos preços dos produtos alimentares nos mercados internacionais.
O relatório destaca que as contas externas evoluíram favoravelmente no primeiro semestre, com a balança corrente a registar um excedente de 2,7% do PIB, refletindo o aumento, ainda que moderado, das exportações de serviços de turismo e transportes aéreos, o crescimento das remessas dos emigrantes e o abrandamento das importações.
A balança financeira registou também maiores entradas líquidas de financiamento, sustentadas por taxas de juro internas mais atrativas face às da Área do Euro e por condições externas menos restritivas, o que levou o stock das reservas externas líquidas a garantir 7,3 meses de importações a 30 de Junho de 2025, face a 6,5 meses em Dezembro de 2024.
No sector monetário, o crédito à economia cresceu 4,6%, de forma mais moderada, influenciado pelo abrandamento da actividade económica, pela subida das taxas de juro praticadas pelos bancos comerciais e por critérios de aprovação de empréstimos mais restritivos, sobretudo no crédito ao consumo.
Segundo o BCV, as perspectivas macroeconómicas apontam para um crescimento de 5,5% em 2025, 4,8% em 2026 e 5% em 2027, refletindo uma desaceleração face aos 7,2% registados em 2024.
O banco central explicou que esta evolução se deverá, em 2025, ao menor contributo da procura interna, e, em 2026 e 2027, à redução do contributo da procura externa líquida, devido ao aumento das importações e à moderação das exportações de serviços, nomeadamente do turismo.
Em relação à inflação, o relatório projetou uma subida da taxa média anual para 2,4% em 2025, resultante do aumento dos custos de frete e dos preços das matérias-primas não energéticas, sobretudo dos produtos alimentares. Para 2026 e 2027, antevê-se uma desaceleração da inflação para 1,7% e 1%, respetivamente, à medida que os preços internacionais se estabilizem.
As contas externas deverão continuar a evoluir positivamente em 2025, com o saldo da balança corrente a subir para 5,5% do PIB e a balança financeira a manter fortes entradas líquidas de financiamento.
Contudo, o BCV antecipa uma tendência menos favorável em 2026 e 2027, com o saldo da balança corrente a cair para 4,5% e 2,9% do PIB, respetivamente.
Assim, o stock de reservas internacionais líquidas deverá aumentar para 955 milhões de euros em 2025 e 986 milhões em 2026, garantindo 7,9 e 7,6 meses de importações, mas reduzir-se para 966 milhões em 2027, o equivalente a 6,9 meses de importações projetadas.
O BCV sublinhou que as medidas de normalização da política monetária resultaram num diferencial positivo entre as taxas de juro nacionais e as da Área do Euro, o que favoreceu as taxas domésticas e contribuiu para a recuperação significativa das reservas internacionais.
Face a este enquadramento, o Banco de Cabo Verde considera adequada a manutenção das taxas de juro de referência nos níveis atuais, consolidando a trajetória de estabilidade financeira e cambial.
LFS/JMV
Inforpress/fim
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