Santa Maria, Sal, 10 Out (Inforpress) – Um ano após a destruição parcial do seu "icónico" pontão por uma onda tropical em 10 de Outubro, Santa Maria, na ilha do Sal, vive um misto de esperança e frustração.
O antigo pontão de madeira, que era um símbolo turístico "inconfundível", cedeu à força do mar, deixando um vazio na comunidade.
Apesar das dificuldades enfrentadas, o principal alento dos moradores é a promessa de reconstrução.
Recentemente, em meados de Setembro de 2025, o Governo formalizou o compromisso com a assinatura do contrato de empreitada para a construção de um novo pontão.
O projecto, orçado em 8,9 milhões de euros, com um prazo de execução de 18 meses, promete transformar a estrutura numa versão mais "resiliente e multifuncional".
A obra, assinada entre a Unidade de Gestão de Projectos Especiais (UGPE) e a Sociedade de Empreitadas e Trabalhos Hidráulicos, prevê a organização do espaço para separar a área de pesca (com mercado e casas de banho) da área turística (para desportos náuticos e lazer), além da renovação da Praça de Aninha.
Apesar do optimismo gerado pelo contrato, os operadores locais sentem o peso de um ano de incertezas.
A comunidade piscatória e as peixeiras, que dependiam da estrutura para o seu sustento, enfrentam uma luta constante.
Cesaltina da Silva, uma peixeira com 14 anos de trabalho no pontão, lamentou que a interdição tenha tornado a vida dos trabalhadores "mais difícil" e tenha "comprometido severamente" a imagem da actividade.
A forma como o pescado é retirado e tratado actualmente não passa uma boa imagem, comprometendo a experiência turística.
A mesma fonte expressou o desejo de que as obras comecem rapidamente e que o novo projecto garanta um "lugar digno para trabalhar".
A destruição do pontão também teve efeito nos negócios ligados ao turismo e desportos náuticos.
Erida Espírito Santo, mais conhecida por Kucuca, proprietária da Sal Surf Camp School, com 13 anos de existência, relatou os novos obstáculos que enfrenta.
A empresária teve o tecto do seu espaço removido sem aviso prévio e, embora lhe tenha sido concedido um espaço provisório, a deslocação foi impedida.
A incerteza tem tido um impacto directo no seu negócio, já que tem sido obrigada a desmarcar aulas com os turistas.
O seu apelo é que “sejam feitas as diligências necessárias” e que os operadores afectados sejam “transferidos para locais condignos e funcionais” até que o novo pontão seja construído.
O problema alastrou-se a todo o sector náutico, uma vez que o pontão era o principal ponto de embarque e desembarque de turistas.
Com a sua interdição, as empresas do ramo de excursões de veleiros e pesca desportiva têm sido obrigadas a se deslocarem para outros pontos da ilha.
Esta deslocação forçada aumenta a complexidade logística e os custos operacionais, já que os locais alternativos não estão preparados para receber embarcações e grupos turísticos com a segurança e conforto necessários.
Um ano se passou desde que o mar “engoliu” parte do pontão e agora, com o contrato assinado e a promessa de um investimento substancial, a comunidade de Santa Maria aguarda ansiosamente que o início das obras traduza a promessa do papel em realidade.
NA/HF
Inforpress/Fim
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