Ensino passa por várias reformas sem reflectir na qualidade - directora do Museu de Educação

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Ensino passa por várias reformas sem reflectir na qualidade - directora do Museu de Educação
21/05/25 - 02:03 pm

Cidade da Praia, 21 Mai (Inforpress) – A directora do Museu de Educação, na Praia, apelou hoje aos decisores e educadores do país a trabalharem para melhorar o ensino que tem passado por várias reformas, mas que “não têm reflectido na qualidade da educação”.

“Como sabe, a educação, desde a independência até agora, foi tida como um desígnio nacional e ela contribuiu muito para que Cabo Verde hoje é o que é. No entanto, tivemos várias reformas e contrarreformas, mas não sei qual tem sido a avaliação feita, porque, infelizmente, o que notamos é que apesar de termos hoje 98% de professores, mais dos 20% do que havia na altura da independência, a educação está sem qualidade”, disse Maria Clara Marques Rodrigues, que também foi professora.

A directora do Museu de Educação falava à Inforpress, aquando da visita à instituição de um grupo de alunos da 1.ª, 2.ª e 3.ª classes e jovens do curso de Marketing e Negócios do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) ao Museu de Educação, na Praia, no âmbito do Dia Mundial do Museu, assinalado a 18 de Maio.

Clara Marques justificou o seu apelo pela constatação da fragilidade do ensino aos mais pequenos que, praticamente demonstram “não saber quase nada”.

“Vivemos uma época em que as condições são melhores, tanto do sistema educativo como também da família, mas reparamos, com muita tristeza, algum desconhecimento de conteúdos básicos, mesmo a nível do canto coral”, realçou, sublinhando que o cenário está se demonstrando difícil, nesta matéria, começando pelo facto de os alunos não saberem cantar e nem declamar uma poesia.

Clara Marques avançou ainda que durante as visitas programadas ao museu tem solicitado aos alunos do Ensino Básico Obrigatório que cantassem alguma música que conhecem ou declamassem uma poesia, mas tem sido difícil.

“Isso exige uma reflexão para sabermos o que é que está a passar na educação. Porque efectivamente quem acompanha a educação, mesmo não estando dentro do sistema educativo, constata que há alguma coisa que não está muito bem, que é preciso rever”, afirmou.

Perante esta constatação, interroga sobre a necessidade de haver mais formação de professores em exercício, sobre a diminuição ou não dos conteúdos curriculares, alegando haver muita coisa no currículo.

Questiona ainda sobre como são feitas as dosagens dos conteúdos por cada ano de escolaridade e sobre como está sendo visto a qualidade da educação que muito se fala.

“Portanto, são essas questões, essas reflexões que eu gostaria imenso que o Ministério da Educação e toda a sociedade e, para não dizer, toda a comunidade educativa deve fazer, reflectindo sobre o tema”, disse.

Apesar de reconhecer que tem havido algumas reflexões, Clara Marques é de opinião que se deve antes analisar o impacto destes encontros, das decisões e medidas tomadas pelo Ministério da Educação.

Numa altura em que, cada vez mais a educação ou o desenvolvimento da sociedade está-se a dar através das tecnologias, Clara Marques admite que os desafios no sector da educação são ainda maiores.

“Estamos com a questão da inteligência artificial. Como é que nós estamos a ver a inteligência artificial dentro da educação, ligado à educação? Portanto, são coisas que devem ser reflectidas, efectivamente, e ser vistas de uma forma holística não só para os profissionais da educação, como também toda a sociedade civil e forças interventivas de Cabo Verde”, afirmou, enfatizando que a educação é fundamental em qualquer sociedade.

Para a directora do Museu de Educação “é fundamental” que todos façam algo para enriquecer e fortalecer a educação em Cabo Verde, que, desde a primeira hora, foi tomada como um desígnio nacional.

O Museu de Educação possui 1.200 peças e muitas retratam materiais e acervos de antigamente, sobretudo os que eram para castigo corporal às crianças.

PC/CP

Inforpress/Fim

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