Lisboa, 06 Nov (Inforpress) – O português Nuno Miguel Silva Duarte, com o romance “Pés de barro”, é o vencedor do Prémio LeYa 2024, que contou com cinco participações de Cabo Verde, entre os 1.123 originais, provenientes de 15 países.
O vencedor do Prémio LeYa 2024, considerado o maior prémio literário que distingue romances inéditos escritos em língua portuguesa, foi hoje conhecido, com a revelação da decisão do júri na apresentação que aconteceu nas instalações da LeYa, em Lisboa.
“O júri do Prémio LeYa, terminadas as reuniões que tiveram lugar entre os dias 04 e 06 de Novembro, decidiu atribuir o Prémio LeYa 2024, por maioria, ao romance ‘Pés de barro’, do português Nuno Miguel Silva Duarte. Está, pois, de parabéns Nuno Miguel Silva Duarte, que assim sucede ao brasileiro Victor Vidal, vencedor da edição do ano passado, com ‘Não há pássaros aqui’”, disse o presidente do júri, Manuel Alegre.
De acordo com o júri, “Pés de barro” tem como pano de fundo a construção da primeira ponte sobre o Tejo, em Lisboa e dá um retrato do Portugal dos anos sessenta, sendo que por um lado, a formação de um exército proletário para a construção da ponte, por outro as primeiras partidas do exército para a guerra colonial.
“Obra que actualiza a tradição do romance político-social, ‘Pés de barro’ polariza o seu realismo histórico no quotidiano de um pátio de Alcântara e nas razões de viver dos que nele acolhem. Através de movimentos com diferentes horizontes de sentido para concretizar esse signo de logro de desastre em que a ponte se construiu, “Pés de barro” encaminha-se para o anúncio metafórico do 25 de Abril”, explicou.
Desde que foi criado, em 2008, esta foi a edição mais concorrida de sempre do Prémio LeYa, tendo sido recebidos 1.123 originais, provenientes de 15 países, sendo Alemanha (quatro), Angola (quinze), Austrália (um), Bélgica (dois), Brasil (708), Cabo Verde (cinco), Espanha (três), EUA (três), França (quatro), Guiné-Bissau (um), Itália (três), Moçambique (19), Portugal (350), Reino Unido (dois) e Suíça (três).
Dos 1.123 candidatos, foram seleccionados oito finalistas, que estiveram sob avaliação do júri, na reunião que aconteceu segunda-feira, dia 04.
O Prémio LeYa foi criado com o objectivo de distinguir um romance inédito escrito em língua portuguesa e com o valor de 50 mil euros, é o maior prémio literário para romances inéditos.
Ao longo de todo o processo de leitura e avaliação, a autoria dos romances é desconhecida, sendo que o nome do romance vencedor, e respectivo autor, selado num sobrescrito, apenas é conhecido depois de tomada a decisão do júri.
O Prémio LeYa, cumprindo um dos objectivos que esteve na base da sua criação, tem possibilitado à LeYa a descoberta de novos autores e a sua promoção nacional e internacional.
Até 2024, o Prémio LeYa já consagrou 12 romances e permitiu a publicação de 39 inéditos, sendo os premiados, “O Rastro do jaguar” de Murilo Carvalho (2008), “O olho de Hertzog” de João Paulo Borges Coelho (2009), “O teu rosto será o último” de João Ricardo Pedro (2011), “Debaixo de algum céu” de Nuno Camarneiro (2012), “Uma outra voz” de Gabriela Ruivo Trindade (2013) e “O meu irmão” de Afonso Reis Cabral (2014).
“O coro dos defuntos” de António Tavares (2015), e “Os loucos da rua Mazur” de João Pinto Coelho (2017), “Torto arado” de Itamar Vieira Júnior (2018), “As pessoas invisíveis” de José Carlos Barros (2021), “A arte de driblar destinos” de Celso Costa (2022) e “Não há pássaros Aqui” de Victor Vidal (2023), são os outros galardoados.
Em 2010, 2016 e 2019 o júri decidiu não atribuir o Prémio LeYa, por entender que nenhum dos candidatos correspondeu “à importância e ao prestígio” do prémio, e em 2020 o concurso foi suspenso devido à epidemia da covid-19.
O júri do Prémio LeYa é constituído por Manuel Alegre (presidente), José Carlos Seabra Pereira, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (Portugal), Isabel Lucas, jornalista e crítica literária (Portugal) Lourenço do Rosário, antigo reitor da Universidade Politécnica de Maputo (Moçambique), Ana Paula Tavares, poeta e historiadora (Angola) e Josélia Aguiar, jornalista e historiadora (Brasil).
DR/CP
Inforpress/Fim
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