Lisboa, 30 Out (Inforpress) – A apresentadora do livro "Amadeu Oliveira: O inferno da não-justiça", Maria João de Novais, afirmou hoje, em Lisboa, que o Germano Almeida denuncia, com rigor literário, as ilegalidades e injustiças cometidas desde a detenção do deputado.
A declaração foi feita à Inforpress na apresentação da obra do escritor cabo-verdiano, resultado de uma compilação de textos de Germano Almeida, agora dado à estampa com a chancela da Rosa Porcelana Editora, e na altura em que completa o terceiro aniversário da condenação e prisão do deputado Amadeu Oliveira.
“Germano Almeida traz ao de cima, pela escrita, porque é a arma dele, todas as ilegalidades que têm sido cometidas neste processo, desde o momento da detenção de Amadeu de Oliveira, aos dias de hoje. E ele faz isso pela escrita, retratando, como eu disse, essas ilegalidades, mas, sobretudo, com o enorme sentido de injustiça que deve ser feita neste caso”, disse
Maria João de Novais descreveu a abordagem de Germano Almeida como "clínica", sublinhando que o autor expõe, de forma contundente, as ilegalidades cometidas desde o início do processo, até o presente.
"Ele retrata um sentido de injustiça que deve ser enfrentado. É isso que nos preocupa", afirmou Novais, destacando o uso da escrita por Germado Almeida como uma arma poderosa contra as violações de direitos.
Questionada sobre a possível reação do público em relação à obra, a advogada expressou incerteza, destacando que as crónicas de Germano Almeida - agora reunidas em 46 textos - têm sido acompanhadas pela sociedade cabo-verdiana, mas com uma resposta limitada.
Segundo ela, a sociedade "comenta entre portas, mas raros são os que têm coragem de dar a cara", apontando a importância do livro como um catalisador de reflexão, enfatizando que, ao ter o livro em casa, o leitor será confrontado constantemente com "uma verdade que atinge a consciência e a alma".
Para ela, embora não traga novos elementos ao caso em termos estritamente jurídicos, a compilação das crónicas num único volume visa sensibilizar tanto a população em geral quanto a comunidade jurídica para as falhas do sistema de justiça cabo-verdiano.
“É impossível que advogados, o Ministério Público e juízes ignorem as ilegalidades. Eles têm a obrigação de conhecer a lei (…). Esperamos que este livro seja um contributo para uma sociedade mais atenta à justiça social”, disse, lembrando que o caso de Amadeu Oliveira tem tido repercussão internacional, ecoando questões de direitos humanos e de transparência no sistema judiciário cabo-verdiano.
Maria João afirmou que pode contar pelos dedos, e não chegar uma mão cheia, os seus colegas advogados que deram a cara nesse casso, o que considerou ser “impressionante e grave”, sobretudo porque “todas essas ilegalidades estão a ser cometidas, e quem actua com o direito e com as leis, nada faz”.
“Se isto acontece a um advogado, a um deputado, imagina o cidadão comum. O que é que isto não representaria? Então, esperava da sociedade, ao longo de todo este processo, uma atitude diferente.
Germano Almeida, Prémio Camões 2018, esteve ausente no lançamento de "Amadeu Oliveira: O Inferno da Não-Justiça", obra que será apresentada em Cabo Verde ainda no decorrer deste ano, conforme Márcia Souto da Rosa Porcelana Editora.
DR/JMV
Inforpress/Fim
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