Cidade da Praia, 20 Dez (Inforpress) – A presidente da Alta Autoridade para a Migração manifestou-se preocupada com “alguma rejeição” dos cabo-verdianos em acolher imigrantes, conforme dados da Afrosondagem, e prometeu reforçar o trabalho de sensibilização.
Carmem Barros falava à imprensa no âmbito da apresentação hoje do estudo sobre a migração, realizado no âmbito do 10º inquérito da Afrobarometer/Afrosondagem sobre a qualidade da democracia e da governação em Cabo Verde.
Na ocasião considerou que este estudo traz aspectos interessantes, apesar de não ser tão aprofundado.
“Há um aspecto interessante que eu acho que é mais ou menos pacífico e consensual, que é o reconhecimento, por parte dos residentes aqui em Cabo Verde, dos cabo-verdianos sobre a importância económica da imigração”, realçou.
Entretanto, sobre o questionamento aos cabo-verdianos se acham que os níveis de imigração devem manter-se, diminuir ou aumentar, manifestou-se preocupada com alguma rejeição por parte da população.
“Porque os dados nos mostram que mais ou menos, 20 e tal por cento (%) dizem que acham que se deve manter o nível da vinda de estrangeiros que vêm para trabalhar. Algo muito semelhante, em torno também de 20 e tal % dizem que deve aumentar a vinda de estrangeiros”, sublinhou.
Por outro lado, mostrou que cerca de 34% dizem que deve diminuir os níveis de estrangeiros do que aquela que diz que deve aumentar, afirmando ainda que há um pequeno percentual, correspondendo a nove por cento de pessoas que acham que não deve vir nenhum imigrante para Cabo Verde.
“E estas indicações, por aquilo que nós conhecemos, a nível das tendências internacionais, dos tradicionais países que recebem migrantes, inclusive os nossos, têm esta tendência de alguma repulsa”, disse, para quem era preciso o estudo ter mais elementos para se compreender esta repulsa.
Porque, lembrou, em Cabo Verde existem comunidades de diferentes países e de diferentes continentes e com perfis diferenciados em termos de nível de escolaridade, em termos de qualificação profissional e em termos de vivência sociocultural.
“Portanto, é genérico, mas de alguma forma também nos preocupam a reforçar este trabalho em nível daquilo que é a contribuição, que não é só económica da imigração. E é interessante para um país como Cabo Verde, em que os dados mostram exatamente uma grande propensão para a saída”, frisou.
Para Carmem Barros este estudo constitui uma reflexão para a sociedade, e para a Alta Autoridade para a Migração enquanto instituição a reforçar o trabalho de sensibilização.
Ainda sobre o estudo, a responsável manifestou-se preocupada com o posicionamento contra dos cabo-verdianos em relação à questão do asilo e do acolhimento dos refugiados e aponta para muita desinformação sobre estes assuntos.
ET/JMV
Inforpress/Fim
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